domingo, 24 de março de 2013

"Jesse James" (1939)

(Jesse James) De: Henry King, Com: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, John Carradine, Jane Darwell, Henry Hull, EUA – Cor – Faroeste – Fox – 1939.  

Jesse Woodson James nasceu no condado de Clay, atual cidade de Kearney no estado americano de Missouri no dia 05 de setembro de 1847. Filho do comerciante e pastor Batista Robert S. James (1818-1850) e Zerelda James (1825-1911), Jesse tinha dois irmãos, o mais velho Alexander Franklin “Frank” James (1843-1915) e Susan Lavenia James (1849-1889). Em 1861, com o inicio da Guerra de Secessão americana, os James, apesar de residirem num estado escravista que permanecera com a união, optaram em ficar ao lado dos confederados. Nessa época o Sr. Robert James, como se sabe, já havia falecido e Zerelda encontrava-se casada com o médico Reuben Samuel. Logo, Frank James já fazia parte do Missouri State Guard realizando recrutamento para os separatistas e lutando em batalhas como a Wilson´s Creek. Em 1863, Frank seria denunciado como membro de guerrilhas e passa a ser procurado por milícias da União, que acabam invadindo o sitio da família James-Samuel em sua busca. É nessa ocasião, segundo consta, que Jesse James, com então dezesseis anos, salva o irmão assassinando um oficial da união. Após o incidente, ambos fogem para uma floresta e se juntam ao grupo separatista liderado pelo sanguinário William T. Anderson (1839-1864). Em consequência desse ato, a família James-Samuel é expulsa do condado de Clay, enfurecendo ainda mais os irmãos Frank e Jesse James, que passam a viver deliberadamente de forma errante e fora da lei. Assaltando bancos e trens pagadores, os irmãos se tornam procurados pelo estado e pelo presidente da União, Ulysses S. Grant (1822-1885), que ofereciam altíssimas recompensas a quem os capturasse. 

Original: Cartaz anuncia recompensa por Jesse James

Lendários, os irmãos James tornaram-se os fora da lei mais famosos da história dos Estados Unidos. Desde a morte de Jesse, ocorrida em 1882 e de Frank, em 1915, foram muitas as “honras” prestadas a eles; Livros, gibis, canções, filmes e seriados retratavam sob diferentes viés (de facínoras a heróis) a vida daqueles que até hoje se faz questionar; foram vitimas do clima opressor de uma violenta guerra civil ou malfeitores pelos próprios desígnios? Hollywood desde muito cedo se interessou em levar às telas a história dos James. Os primeiros filmes sobre eles, especificamente sobre Jesse, foram Jesse James Under The Black Flag e Jesse James as the Outlaw, ambos produzidos em 1921 e trazendo no elenco o primogênito Jesse Edward James (1875-1951) interpretando o próprio pai. A partir de então, nenhuma década sequer passou sem que diversos filmes sobre os irmãos James chegassem às telas. Em 1939, além do faroeste clássico de Henry King aqui em destaque, foi produzido Days of Jesse James, dirigido por Joseph Kayne e estrelado por Roy Rogers. Nas décadas seguintes, além de Henry Fonda voltar como Frank no clássico de Fritz Lang O Retorno de Frank James (1940) e Roy Rogers, dessa vez como Jesse, em Jesse James at Bay (1941), seguiram-se; Preston Foster, sob a direção de Samuel Fuller em Eu Matei Jesse James (1949), Cavaleiros da Bandeira Negra (1950), Jesse James Women (1954), Quem foi Jesse James (1957), Valentão é Apelido (1959), Jesse James Meets Frankenstein´s Daughter (1966), A Time For Dying (1969), Sem Lei e Sem Esperança (1972), Cavalgada dos Proscritos (1980), The Last Days of Frank e Jesse James (1986), Frank e Jesse (1994), Jovens Justiceiros (2001) e por fim a recente superprodução O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (2007).

Alguns dos diversos filmes sobre Jesse James

O renomado diretor estadunidense Henry King (1886-1982) já havia trabalhado com o Superstar Tyrone Power (1914-1958) nos clássicos Na Velha Chicago (1937) e The Alexander´s Ragtime Band (1938) quando foi convocado novamente por Darryl F. Zanuck (1902-1979) para dirigir o ator no faroeste em Technicolor Jesse James (1939). O filme, que no Brasil chegou e permaneceu por muito tempo com o título Jesse James – Lenda de Uma Era Sem Lei, pode-se dizer que, apesar de não ser o mais fiel retrato da vida dos irmãos (e creio eu, essa nem foi a intenção dos produtores), é sem dúvidas o melhor faroeste sobre eles. A superprodução de 1,6 milhões de dólares não aborda em nenhum momento a participação dos James na guerra civil, conflito esse que no mesmo ano já estava sendo tratado minuciosamente em outra superprodução sob direção de Victor Fleming. O filme de King se inicia com a entrada dos irmãos Jesse e Frank (Power e Fonda respectivamente) no mundo do crime. Obviamente que no faroeste os fatos se misturam com a ficção e os motivos que levam os irmãos fugirem de sua fazenda no interior de Missouri não são os mesmos que aqui já foram citados. No filme, os irmãos se tornam foragidos da União após Jesse atirar em um funcionário da St. Louis Midland, empresa ferroviária que “obrigava” os pequenos proprietários a vender suas terras por míseros dólares. O filme aborda também o relacionamento e casamento de Jesse e Zee (Kelly) e os conflitos do proscrito com sua gangue, inclusive com seu amigo traidor e assassino Robert “Bob” Ford (Carradine). 

O Padecimento de Zerelda enfurece seus filhos Jesse e  Frank 

O roteiro de Nunnally Johnson (1897-1977) além de alegórico e dramático por diversas vezes apresenta tanto Jesse quanto Frank como grandes heróis, o que fica completamente evidente na cena final do filme, quando no funeral de Jesse, seu amigo Rufus Cobb (Hull) declama; “Não Tenham Dúvida, Jesse era um bandido, um fora da lei, um criminoso, até os que o amavam não sabem explicar isso, mas não nos envergonhamos dele, não sei porque e acho que nem a America sente vergonha de Jesse James, talvez seja por ele ter sido ousado e irreverente, como todos gostaríamos de ser, talvez porque nós  entendemos que ele não tinha culpa de ser o produto de uma época, talvez porque em dez anos ele levantou a poeira de cinco estados ou porque talvez ele foi tão bom naquilo que decidiu fazer, eu não sei, só sei que ele era um dos vaqueiros mais corajosos, ousados e safados que já andaram pelos Estados Unidos da América. Repleto de ação e boas sequencias de perseguições, o filme resistiu ao tempo e permanece como um dos grandes faroestes do cinema. Merecem destaques as incríveis interpretações de Power, Fonda e Jane Darwell com sua pequena participação como Zerelda James; No ano seguinte, Darwell novamente interpretaria a mãe de Henry Fonda na obra prima de John Steinbeck; As Vinhas da Ira (1940). Outro destaque do filme, porém negativo e inadmissível, é a sequência em que Jesse James salta de um penhasco com um cavalo. Na cena, o cavalo quebrou a coluna e obviamente morreu em consequência da queda, gerando revolta no público e nos integrantes do American Humane Association, que a partir daí passou a policiar todos os filmes rodados em Hollywood impedindo que outros animais sofressem maus tratos.  Com exceção dessa tétrica cena, o filme é agradável e sem dúvidas um bom entretenimento para os fãs do velho e extinto western americano.

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Jesse James vinga a morte de sua mãe
É Preso e logo em seguida liberto por seu irmão Frank
Jesse e Zee, enamorados
Jesse e Zee, casamento conturbado
Power, Kelly e Fonda em foto publicitária
Tyrone Power como Jesse James 
Henry Fonda, astro absoluto da 20º Century Fox
O Verdadeiro e lendário Jesse Woodson James (1847-1882)
Cartaz original do filme
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