(Dark Passage) De: Delmer Davies, Com: Humphrey Bogart, Lauren
Bacall, Bruce Bennett, Agnes Moorehead, Tom D´Andrea, EUA – Policial/Noir –
P&B – Warner Bros. – 1947.
Humphrey Bogart
(1899-1957) ainda era casado com a ex-estrela do cinema mudo Mayo Methot
(1904-1951) quando conheceu a jovem estreante Lauren Bacall (1924 - ) durante
as gravações do excelente filme de Howard Hawks (1896-1977) “Uma Aventura na
Martinica” (1944). A atração entre os
dois foi tão intensa que não demorou muito tempo até que o relacionamento entre
eles se consolidasse. Em 1945, já divorciado, Bogart desposa Bacall, tornando a
jovem atriz, vinte e cinco anos mais nova, na sua quarta e última esposa. A
diferença de idade entre os dois, entretanto, de forma alguma prejudicou o
enlace, que segundo o próprio Bogart, foi o que lhe fez mais feliz. Desse
matrimonio nasceram, em 1949, Stephen
Humphrey Bogart, e em 1952, Leslie Howard
Bogart, que curiosamente apesar de ser uma menina, recebeu esse nome em
homenagem ao ator e grande amigo de Boggie, Leslie Howard (1893-1943). A Warner
Bros, aproveitando a forte química de Bogart-Bacall, em 1945 coloca-os juntos
novamente em outro noir de Hawks, o aclamado “A Beira do Abismo”, sucesso que permanece
hoje como um dos melhores suspenses de todos os tempos. Nos anos seguintes,
mais dois excelentes noir seriam estrelados pelo casal; “Prisioneiro do
Passado” em 1947 e “Paixões Em Fúria” em 1948.
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O Condenado Vincent Parry foge de San Quentin |
Baseado na obra The Dark Road de David Goodis
(1917-1967), Prisioneiro do Passado só foi filmado após a insistência de Bogart
e do produtor Jerry Wald (1911-1962), esse que havia alcançado seu ápice após
produzir enormes sucessos para a Warner, como “Dentro da Noite” (1940), “Destino
Tóquio” (1943) e “Alma em Suplício” (1945). O romance, que fora publicado pela
primeira vez em 1939, era considerado muito sombrio para ser levado as telas. O
estúdio, apesar de atender ao pedido de Bogart e Wald, exigiu que diversas
mudanças fossem feitas na trama, a começar pelo título, que passou a se chamar Dark Passage. Após o próprio Goodis
terminar as alterações no script, a
Warner escalou o roteirista/diretor Delmer Daves (1904-1977) para fazer a
versão final do roteiro. Daves, que estava na Warner desde 1934, já havia
comprovado sua eficiência como escritor nos sucessos “A Floresta Petrificada”
(1936) e “Duas Vidas” (1939). Além do roteiro, Delmer Davies também foi o
responsável pela marcante direção do filme, que contava ainda com a perfeita
música de Franz Waxman (1906-1967) e com a inovadora fotografia de Sidney
Hickox (1895-1982).
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Irene Jansen sendo revistada pela policia |
Com uma trama repleta de intrigas e mistério, Prisioneiro
do Passado consegue prender a atenção do espectador do inicio ao fim; Condenado
pelo assassinato da esposa, Vincent Parry (Bogart) foge da prisão de San
Quentin em busca de provas que possam inocentá-lo. Durante a fuga, ele encontra
Irene Jansen (Bacall), uma bela jovem que por acreditar piamente em sua inocência,
lhe oferece abrigo e proteção. Após
receber os cuidados da moça, Parry segue sozinho seu caminho, no entanto, após
poucos minutos na rua, é facilmente reconhecido pelo taxista Sam (D´Andrea),
que ao invés de entrega-lo a policia, prefere ajudá-lo, levando-o a um cirurgião
plástico que lhe transforma completamente o rosto, dando-lhe assim, plenas
condições de ir em busca daquele que o incriminou. O filme, apesar de hoje ser
considerado um dos grandes noir do cinema, foi um fracasso de bilheteria em seu
lançamento. Parte desse insucesso se deve ao fato do envolvimento de Bogart e
Bacall em um comitê que defendia os direitos dos artistas de Hollywood perseguidos
pelo Macarthismo. Embora atualmente seja completamente intragável tal
justificativa, naquele período, em que a ameaça comunista era vista nos Estados
Unidos como um verdadeiro ataque de alienígenas, o simples fato desse
envolvimento do novo casal do cinema, “defendendo” supostos comunistas, foi o
suficiente para prejudicar o filme de Delmer Davis. Em suma, podemos dizer, Prisioneiro
do Passado é um bom filme. Sua trama, apesar de ter envelhecido mal, continua
agradando os fãs do cinema clássico e principalmente dos filmes noir. A inovadora
fotografia de Hickox, que durante a metade do filme utilizou uma câmera portátil
em primeira pessoa substituindo Vincent Parry antes da cirurgia, é hoje, somada
a interpretação de Bogart, Bacall e Moorehead, o ponto alto da produção.
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Parry é reconhecido pelo taxista Sam |
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Que o leva a um amigo cirurgião plástico |
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Após a cirurgia, Parry encontra seu único amigo morto |
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Recebendo os cuidados de Irene |
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Parry, Irene e um inevitável sentimento |
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Parry se torna novamente suspeito de Assassinato |
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Quando tenta novamente fugir, o Prisioneiro do Passado,
mesmo após a "mudança de rosto" é abordado por um policial |
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Parry buscando as únicas provas que podem inocentá-lo |
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Bogart/Bacall em foto publicitária |
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Bacall |
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Cartaz original do filme |