terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Horizonte Perdido" (1937)

(Lost Horizon) De Frank Capra, Com Ronald Colman, Jane Wyatt, H.B. Warner, Thomas Mitchell, Edward Everett Horton, EUA - Aventura - P&B - Columbia - 1937.  

Em 1935 Durante a Guerra civil chinesa o diplomata britânico Robert Conway (Colman) é enviado à cidade de Baskul a fim de libertar alguns cidadãos ocidentais que se encontravam em meio ao conflito. Durante a fuga o avião que os levariam a Xangai é raptado e passa a seguir rumo às longínquas montanhas do Himalaia no Tibet. Devido a grande distancia percorrida o avião acaba ficando sem combustível e acaba caindo em uma área inexplorada e coberta de neve. Todos os passageiros (com exceção do piloto seqüestrador chinês) sobrevivem e são resgatados por um grupo de pessoas lideradas por Chang (Warner) uma espécie de Monge que os guia até Shangri-lá uma região completamente paradisíaca em meio as gélidas montanhas onde, independentes do resto do mundo, possuem diversas e naturais riquezas, vivem em paz, gozando de muita saúde e se orgulhando de nunca terem ocasionado guerras, desconhecendo o ódio e a disputa por qualquer tipo de poder. O já vencedor do Oscar Frank Capra que vinha em 1937 de enormes sucessos como Aconteceu Naquela Noite, A Vitória Será Tua e O Galante Mr. Deeds decide levar às telas através de uma grandiosa produção a mensagem pacifica e mística da obra homônima de James Hilton. Foi um filme lançado de forma colossal, com um orçamento até então quatro vezes superior ao de qualquer outro do estúdio. Em meio aos rumores de guerra que o mundo se encontrava a mensagem do filme caiu como uma luva e obteve enorme sucesso quando chegou aos cinemas agradando público e críticos. Os grandiosos cenários que por muito tempo permaneceram como os maiores já construídos em Hollywood deram ao filme o Oscar de Melhor direção de arte, a produção venceu ainda na categoria de melhor edição. Infelizmente visto hoje o filme envelheceu e seu tema por melhor que tenha sido a intenção na época se tornou ingênuo demais. Mesmo não tendo em seu elenco uma grande estrela o filme ainda encanta por sua belíssima trilha sonora, assinada em parceria por Max Steiner e Dimitri Tiomkin e claro pela sensível e perfeita direção do mestre Frank Capra.

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Após a queda do avião os passageiros sequestrados
percebem que estão perdidos
 Porém após serem resgatados se encantam com Shangri-lá
H.B Warner é Chang, um dos lideres de Shangri-lá 
Uma visão geral dos colossais cenários do filme
Robert e Sondra, interesse surgido através de um livro
Robert aprende sobre Shangri-lá
O mal chega ao paradisíaco lugar
Jane Wyatt é Sondra Bizet
Ronald Colman é Robert Conway
Cartaz original do filme

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Rainha Cristina" (1933)

(Queen Christina) De Rouben Mamoulian, Com Greta Garbo, John Gilbert, Ian Keith, Lewis Stone, Elizabeth Young, Reginald Owen, EUA - Romance - P&B - MGM -1933.

Após obter grande triunfo em seu terceiro filme, o arrasa quarteirões “O Mestre e o Monstro” de 1932, o novato Rouben Mamoulian é contratado pela Metro para dirigir Greta Garbo naquele que passou a ser considerado por muitos o melhor filme da atriz: Rainha CristinaDesde que fora contratada por Louis B. Mayer em 1925 Garbo era sem duvidas um dos maiores nomes da MGM. A atriz provou para todos que seu talento estava bem acima de seu forte sotaque sueco quando migrou dos filmes mudos para os falados sem encontrar problema algum. Em 1933 para se ter uma ideia, ela já havia estrelado mais de oito produções sonoras e todas com muito sucesso, diferente de muitas outras estrelas que, perdidas sem encontrar seus espaços se aposentavam devido à chegada do som. Todavia é certo afirmar que assim como ocorria com a maioria dos ídolos vindos do cinema mudo, Garbo ainda trazia em suas interpretações alguns traços da pantomima. 

A sueca Garbo como a rainha sueca Cristina

Na trama de Mamoulian Garbo é Cristina a rainha que durante o século XVII sobe ao trono da Suécia com apenas cinco anos de idade logo após a morte de seu pai. Ao chegar a seus dias de adulta e após vencer diversas guerras, rainha Cristina passa a receber cobranças da corte e de seus súditos para que se case. Sem nenhum interesse no enlace e muito menos simpatizando com seu pretendente, o Príncipe Carlos (Owen), a rainha passa diversos dias fora do reino cavalgando. Em um de seus passeios encontra acidentalmente a carruagem que leva até sua corte Don Antonio (Gilbert) enviado do Rei Filipe da Espanha. O encontro aproxima os dois que apaixonados enfrentam diversos tipos de problemas em nome desse amor. Apesar de histórico, o filme mente quanto a alguns fatos. Na verdade a Rainha Cristina não abdicou seu trono por um amor como Hollywood preferiu mostrar, mas sim por sua conversão ao catolicismo quando a rainha escandinava deveria permanecer protestante. Também é irrisória a cena em que mostra Cristina subindo ao trono com cinco anos de idade quando na verdade por escolha própria ela tenha decidido tomar frente do governo aos dezoito anos. Independente dos fatos históricos estarem ou não em veracidade, o filme agradou ao público, foi sucesso de critica e de bilheteria. Hoje permanece vivo obviamente por sua ótima fotografia, a genial direção de Mamoulian, e claro, pela encantadora interpretação da mais influente atriz do século XX , Greta Garbo, que  sem demagogia recebeu essa declaração de outras importantes estrelas de Hollywood como Bette Davis, Marlene Dietrich, Joan Crawford e Tallulah Bankhead, atrizes essas que não se cansavam de dizer que se inspiravam completamente na estrela sueca.

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Se passando por um rapaz Cristina exerce sua liderança em uma taberna
Cristina e Antonio de inicio uma química inexplicável 
Mas tão logo surge o inevitável amor
Que faz Cristina muito pensar
E tomar decisões irreparáveis 
Destemida ela segue seu amargo destino
Garbo e Gilbert são dirigidos por Mamoulian
John Gilbert  em uma foto publicitária.
O ator faleceria em 1936 tendo estrelado somente mais um filme após Rainha Cristina
A mais influente atriz do século XX - Greta Garbo
Cartaz original do filme

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"Capitão Blood" (1935)

(Captain Blood) De Michael Curtiz, Com Errol Flynn, Olivia De Havilland, Basil Rathbone, Lionel Atwill, Ross Alexander, EUA - Aventura - P&B - Warner Bros. - 1935.

Nunca uma década produziu tantos filmes de aventuras de época no estilo “capa-espada” como a década de 1920. Astros como Douglas Fairbanks e John Barrymore se tornaram inclusive estereotipados interpretando Don Juan, Robin Hood e diversos outros do gênero. Durante a depressão de 1929 e com os estúdios a beira da falência esses filmes acabaram “saindo de moda”, pois como se tratavam de grandes e milionárias produções, era mais fácil e econômico lançar filmes contemporâneos e modernos com tramas se passando na atualidade. Em 1934 quando surgiu a Legião da Decência, (uma espécie de censura para os filmes considerados “imorais”) esses filmes que estavam em voga - retratando os dias atuais – encontraram muitos problemas com seus temas modernos e sempre recebiam negativas classificações, o que acabava refletindo nas bilheterias e também nas criticas. Os estúdios, sabendo que não encontrariam problemas com a censura nos filmes de época decidem trazer de volta esse gênero que até então já estava esquecido. 


De Havilland e Flynn, sucesso já em suas estréias

Lionel Barrymore e Robert Donat estrelaram os dois sucessos que trouxeram de volta o gênero “capa-espada” sendo respectivamente “A Ilha do Tesouro” (1934) e "O Conde de Monte Cristo" (1934)Diante do enorme sucesso alcançado a Warner Bros resolve comprar os direitos sobre a obra de Rafael Sabatini “Capitão Blood” e decide refilmar a história que já havia sido lançada em 1923 pela Vitagraph. A trama se passa no século XVII durante o reinado de James II na Inglaterra. Peter Blood (Flynn) que é um ex - marinheiro, decide ganhar a vida em paz exercendo a medicina até uma noite quando é chamado para socorrer um ferido envolvido em uma rebelião contra o rei, nesse momento os guardas de James II chegam e prendem-no sob acusação de traição. Condenado, ele segue como escravo para a colônia inglesa de Port Royal na Jamaica onde é comprado por capricho por Arabella Bishop (De Havilland) sobrinha do carrasco Coronel Bishop (Atwill). Certa noite quando a cidade é atacada por piratas espanhóis Blood e seus companheiros escravos escapam e tomam o navio salvando a cidade dos inimigos. Ao invés de receber as honras pela heroica façanha, eles decidem fugir,  lançando-se ao mar e transformando-se em piratas, espalhando terror por todo o caribe. Foi a primeira grande superprodução sonora de capa-espada lançado pela Warner. Michael Curtiz então contratado do estúdio (e que não se intimidava em dirigir todos os gêneros de filmes) fora escalado para dirigir aquele que seria em 1935 a grande aposta do estúdio de Burbank. 

Condenado o agora escravo Dr. Blood é examinado pelo coronel Bishop

Robert Donat foi o primeiro a ser convidado para interpretar Blood, mas para a surpresa da Warner o ator disse não. Fredric March e George Brent também receberam convite, mas estavam comprometidos com outros filmes. A esposa de Jack Warner sugeriu que testassem Errol Flynn um novo ator recém chegado da Inglaterra e que embora já estivesse sobre contrato com a Warner até então não havia feito nada a não ser pequenas aparições em curtas metragens. O Desafio foi aceito e Flynn saindo-se muito bem foi aprovado e aceito para o papel. Outra "quase" desconhecida fora escalada para estrelar o filme, Olivia De Havilland que assim como Flynn, também só havia feito pequenas pontas. Nunca até então na historia de Hollywood um filme chegava às telas sem uma estrela sequer no elenco, a Warner corajosamente apostou e em troca obteve grande êxito, pois o filme foi uma das maiores bilheterias daquele ano. A parceria Flynn e De Havilland deu tão certo que juntos estrelaram mais sete filmes e Flynn assim como outros no passado se tornou o maior estereótipo do herói das aventuras de época. Indispensável em qualquer coleção, o filme é hoje sem dúvidas um dos maiores clássicos do gênero, colocando no bolso os atuais Piratas do Caribe com seus exagerados efeitos especiais feitos pelos computadores.

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Blood as escondidas tenta ajudar os companheiros feridos
Atraída, Arabella  presta diversos favores a Blood, entre eles, torna-o médico do governador
Os sentimentos são evidentes
Peter Blood com a ajuda do destino consegue sua liberdade

Transformando-se no temível pirata, Capitão Blood
De posse do navio espanhol ele rege suas severas, porém justas leis 
O Pirata tem a oportunidade de "comprar" sua antiga "dona"
Errol Flynn se torna do dia para noite astro máximo em Hollywood
Olivia De Havilland em foto publicitária de Capitão Blood,  seu primeiro grande filme
Cartaz original do filme

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"Torrentes de Paixão" (1953)

(Niagara) De Henry Hathaway, Com Marilyn Monroe, Joseph Cotten, Jean Peters, Max Showalter, EUA - Suspense - Cor - Fox - 1953.

Ray Cutler (Showalter) é um jovem publicitário de Ohio que ganha uma viagem a Niagara Falls afim de conhecer a sede da empresa que trabalha , ali hospeda-se juntamente com sua esposa Polly (Peters) em um acampamento as margens das belas cataratas. No entanto, o que era para ser dias de descanso e lazer torna-se um verdadeiro pesadelo à medida que se envolvem com o estranho casal Loomis (Monroe e Cotten) que também encontram-se hospedados ali. Marilyn Monroe já havia feito pontas em diversos filmes mas ainda não era uma estrela. Estando sob contrato com a Fox ela já havia estrelado no ano anterior o pesado melodrama Almas Desesperadas ao lado do astro Richard Widmark, suas atuações ainda eram superficiais e seu nome crescia em Hollywood graças a seu Sex Appel e a sua forte presença nas telas. Em Torrentes de Paixão Monroe interpretou talvez seu personagem mais forte, uma vulgar e adultera esposa. Pesado e com sequências completamente clichês, o filme (salvo por sua boa equipe técnica e elenco) de longe poderia ser classificado como um esquecível filme B. Embora tenha sido filmado em Technicolor, alguns momentos lembram muito os policiais Noirs dos anos 40. Visto hoje não restam duvidas que só resistiu ao tempo graças à presença do mito MM. 

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Rose Loomis vive uma conturbada relação com o esposo George
E esconde de todos um grande segredo
Os Cutler desfrutam enquanto podem a estadia nas margens das cataratas 
Rose  pede para que lhe toque uma música
E canta apaixonadamente Kiss me irritando seu neurótico marido
Após quebrar o disco, George recebe os cuidados de Polly
Diante das crises do esposo, Rose decide dar um basta na situação
Mas seus planos não saem como o planejado
 E George passa a aterrorizar a todos com sua sede de vingança 
Levando Rose 
E todos os envolvidos a beira da loucura
Mais linda do que nunca, Marilyn Monroe é Rose Loomis
Cena das filmagens feita em locação na cidade canadense de Niagara Falls
Cartaz original do filme

sábado, 7 de janeiro de 2012

"Os Melhores Anos de Nossas Vidas" (1946)

(The Best Years Of Our Lives) De William Wyler, Com Fredric March, Myrna Loy, Dana Andrews, Teresa  Wright, Harold Russell, Virginia Mayo, Gladys George, Cathy O´Donnell, Hoagy Carmichael. EUA - Drama - P&B - Samuel Goldwyn - 1946.

Quando um filme alcança grande sucesso entre o público, é bem recebido pelas criticas e vence diversas categorias do Oscar, pode-se concluir que esse tem grandes chances de se tornar uma obra prima. De fato é certo afirmar que alguns desses filmes são, na maioria das vezes, originais, inovadores e com temas nunca antes abordados. Os filmes bélicos sempre existiram e sempre renderam muito lucro a todos os seus realizadores, desde os primórdios do cinema o público já estava habituado a assistir filmes sobre a guerra da secessão, das duas grandes guerras mundiais e mais tarde se acostumariam também com os filmes sobre a guerra da Coréia, do Vietnã e etc. A Segunda guerra mundial havia acabado há apenas um ano, e era esse portanto, o momento certo para lançar Os Melhores Anos de Nossas Vidas que se tornou o primeiro grande filme a abordar as dificuldades dos soldados na readaptação a vida civil após retornarem da guerra. O que era para ser um momento de alegria e felicidade, para muitos se tornaram momentos difíceis e duros de suportar. 


Fred, Al e Homer se conhecem quando voltam para a casa

Milhares de americanos por todo o país se identificaram com o sargento de infantaria Al (March), o capitão da aviação Fred (Andrews) e o soldado da marinha Homer (Russell) que na trama se conhecem em um avião de volta para casa logo após o termino dos conflitos na Europa. Os três marcados por suas experiências se sentem inseguros ante o que os espera em seus lares. Al reencontra os filhos já adultos e percebe que não se adapta mais em seu trabalho, acaba refugiando-se nas bebidas, Fred se decepciona com sua esposa Marie (Mayo) que passou a trabalhar em um night club e acaba se relacionando com a filha de Al, Peggy (Wright), Homer que perdera as duas mãos em um ataque recusa a ajuda da família e torna-se áspero com a namorada Wilma (O´Donnell) acreditando que seus sentimentos para com ele são de compaixão ao invés de amor. 

 E temem o retorno a vossas antigas vidas

Os mais de 170 minutos do filme é precisamente com base nesse contexto, mostrar as dificuldades de adaptabilidade perante a atual sociedade. Samuel Goldwyn foi feliz em seu anuncio, pois Os Melhores Anos de Nossas Vidas alcançou sucesso absoluto junto ao público e crítica de todo o mundo além de vencer sete categorias do Oscar: melhor filme, diretor, roteiro adaptado (Robert Sherwood) ator (Fredric March) Ator Coadjuvante (Harold Russell que na verdade nem era ator e sim um verdadeiro combatente e que realmente perdera as duas mãos em ação durante a segunda guerra), trilha sonora, e melhor edição. O filme tornou-se uma obra prima e ao longo dos anos vem sendo copiado de diversas formas. Os Melhores Anos de Nossas Vidas assim como qualquer outra obra prima, tem todo seu reconhecimento por ter sido o primeiro, o original e acima de tudo um dos melhores filmes bélicos já realizados pela indústria americana, simplesmente imperdível e obrigatório em qualquer coleção.

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As lembranças da guerra fazem com que Fred sofra terríveis pesadelos
Homer de volta ao lar mostra pela primeira vez suas sequelas 
Al é recebido pela esposa e pelos já crescidos filhos
O Café do Butch se torna ponto de encontro dos amigos
Fred se desaponta com as atitudes de sua esposa Marie
E encontra o verdadeiro amor ao lado de Peggy
Homer decide mostrar a namorada Wilma seus "problemas"
Virginia Mayo tem ótimo desempenho como a irresponsável Marie 
O veterano da segunda guerra e vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante Harold Russell
Cartaz original do filme
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