(The Sea Hawk) De: Michael Curtiz, Com Errol Flynn, Brenda
Marshall, Claude Rains, Donald Crisp, Flora Robson, Alan Hale, Henry Daniell, EUA – Aventura – P&B – Warner – 1940.
Desde que o arrasa
quarteirões Capitão Blood chegou às
telas em 1935 trazendo de volta o gênero capa-espada
e proporcionando muito lucro e sucesso a todos os envolvidos, o chefão da
Warner Bros, Jack L. Warner (1892-1978) já planejava a próxima produção para
Curtiz, Flynn e companhia. O estúdio, que obviamente visava lucros, pretendia repetir
a mesma fórmula de Capitão Blood para garantir o sucesso. Para isso, novamente se
pensou em um remake; O Gavião do Mar (The
Sea Hawk), cuja trama também era baseada em um Best-seller de Rafael Sabatini (1875-1950), publicado em 1915 e filmado
pela primeira vez em 1924 sob a direção de Frank Lloyd (1886-1960). Contudo, o
projeto que a principio seria lançado em 1936 pegando carona em Blood, é
deixado de lado quando preferiram incluir Errol Flynn em A Carga da Brigada Ligeira (1936) e depois em As Aventuras de Robin-Hood (1938). Flynn e Curtiz trabalhariam
juntos em outros diversos filmes como; Meu
Reino Por um Amor (1939), Uma Cidade
Que Surge (1939), Caravana de Ouro (1940) e A Estrada de Santa Fé (1940) até finalmente reativarem os planos
de refilmar o romance de Sabatini.
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Felipe II ordena que Don José Alvarez de Cordoba navegue até a Inglaterra |
Todavia, haviam se passado cinco anos desde
o inicio do projeto e algumas mudanças ocorreram; Olivia De Havilland, fiel
parceira de Flynn em quase todas as suas aventuras, diz não ao estúdio alegando não ter mais interesse em ser “a mocinha”.
Além disso, Jack Warner também não se encontrava satisfeito com o enredo do
livro, que segundo ele, contava “praticamente” a mesma história de Blood. Dessa
forma, o primeiro problema é resolvido quando a novata Brenda Marshall (1915-1992)
é convocada para substituir De Havilland. Marshall, que nessa época estava
estrelando o terceiro longa de sua carreira, não conheceu a fama, a não ser
pelo fato de ter sido esposa por mais de trinta anos do astro William Holden
(1918-1982). Quanto ao roteiro do filme,
ficou decidido que não mais usariam o romance de Sabatini, no lugar dele;
“Beggars of the Sea” (Mendigos do Mar) de Seton I. Miller (1902-1974). Miller
que era responsável por ótimos scripts de filmes de gangster como G-Men (1935) e Balas e Votos (1936), receberia ainda o apoio de Howard Koch
(1901-1995) para adaptar seu texto as telas. Koch alcançaria sua notoriedade
anos mais tarde ao escrever o belíssimo roteiro de Carta de Uma Desconhecida (1948), considerado por muitos, (inclusive por esse que vos escreve) um dos filmes mais românticos da história do cinema. A escolha do texto de
Seton I. Miller se deve ao fato da trama ser situada na Inglaterra elisabetana
e sendo assim, levando em consideração o cenário político da época, Koch poderia
elaborar subliminarmente, através de suas adaptações do roteiro, insinuações
através das relações entre a Rainha Elizabeth I (1533-1603) e o Rei espanhol
Felipe II (1527-1598), com as relações de Adolf Hitler (1889-1945) e Winston
Churchill (1874-1965). Além dessas possibilidades de incluir mensagens
subliminares na trama, era possível ainda reutilizar os cenários e os figurinos
de Meu Reino Por Um Amor, filme que
também se passa na Inglaterra do século XVI e que a pouco havia saído de
cartaz.
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Capitão Geoffrey Thorpe ataca o galeão espanhol |
Após serem concluídas todas as alterações e adaptações, por acreditarem
ser um nome opulente, mantiveram somente o título do romance de Rafael Sabatini
e da primeira versão do cinema, já que a trama em si, nada mais tinha a ver com
eles. A nova versão de O Gavião do Mar utiliza
como pano de fundo, fatos históricos de grande importância da história moderna.
No século XVI, representando o auge do governo absolutista na Europa, o reinado
de Elizabeth I teria unificado a Inglaterra ao dominar a nobreza, afastar a
igreja do governo e ao derrotar a Invencível Armanda Espanhola em 1588, abrindo
de vez o caminho para sua ilha se tornar a maior potência colonizadora do novo
mundo. Dentro desse contexto são incorporados ao filme, elementos fictícios para
explicar como se deu essa vitória da Inglaterra sob a Espanha do rei Felipe II.
O capitão Geoffrey Thorpe (Flynn) é um corsário inglês que mantém aberta as
rotas marítimas do oceano Atlântico em nome da rainha Elizabeth I (Robson). Em
uma de suas rondas, Thorpe intercepta e em sequencia afunda um galeão espanhol
que navegava em direção à Inglaterra levando o embaixador e conspirador Don
José Alvarez de Cordoba (Rains) e sua sobrinha Doña Maria (Marshall). Thorpe,
apesar de seu ato saqueador, antes de afundar o galeão, liberta os escravos
ingleses e oferece as confortáveis acomodações de sua embarcação a Don José e
sua sobrinha, por quem inevitavelmente se apaixona. Todavia, ao aportarem na
Inglaterra, Don José cobra da Rainha uma punição à Thorpe por seu ato selvagem,
uma vez que os dois países “ainda” não estavam em guerra. Elizabeth, que faz
vista grossa a ação de seu súdito, releva o acontecido e ignora o pedido do
espanhol que, ainda na Inglaterra, se une ao braço direito e traidor da corte, Lorde
Wolfingham (Daniell) numa conspiração contra Thorpe em sua próxima expedição ao
novo mundo.
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A tripulação de Thorpe analisa os documentos espanhóis e... |
A produção, que custou a Warner Bros mais de US$ 1,7 milhões, (orçamento
milionário para a época) apesar de ter reutilizado parte dos figurinos e dos
cenários de outro filme, apresentou inovações que nem mesmo Capitão Blood tinha
apresentado, isto é, galeões construídos em tamanho real, ornamentados com minuciosos
e ricos detalhes e filmagens em locações na América Central. A trilha sonora
lírica do gênio Erich Wolgang Korngold (1897-1957) somada à belíssima
fotografia de Sol Polito (1892-1960), proporciona ainda mais magnificência ao
filme, que podemos concluir, trata-se de uma aventura absoluta e atemporal.
Atenção especial para as sequencias finais, com o duelo de esgrima entre os
personagens de Flynn, Daniell e as magníficas sombras de Curtiz, efeito que o
diretor constantemente utilizava com maestria em seus filmes. Em suma, O Gavião
do Mar é, desde seu lançamento, uma das maiores aventuras capa-espada da
história do cinema. Imperdível e essencial na coleção de qualquer cinéfilo.
✩✩✩✩✩
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Saqueia as riquezas da embarcação |
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Doña Maria, espanhola, apaixona-se pelo corsário inglês Thorpe |
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Capitão Thorpe apresenta-se a corte e apesar das críticas |
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Logo se entende com sua Rainha |
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Thorpe enfrenta o traidor Lorde Wolfingham |
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O sensacional duelo de esgrimas |
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Elizabeth intercede por Thorpe |
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Brenda Marshall e Errol Flyn em foto publicitária |
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O Rei do gênero "capa-espada" da Warner Brothers, Errol Flynn |
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Cartaz original do filme |
Esse eu não vi, Jefferson. Na verdade, conheço pouco da carreira do Errol Flynn. Um pecado. Abraço!
ResponderExcluirÓtimo post Jeff,
ResponderExcluirna verdade não me recordo de ter visto este, aliás, tem alguns do Curtiz que não vi mesmo, sua filmografia é extensa. Vale a pena pelo lendário Errol Flynn, assim como Fairbanks, o grande astro da capa e da espada!
Abs.
Só grandes nomes no filme. Gosto da parceria de Errol com Curtiz, mas sem Olivia há uma perda significativa. Gosto demais de filmes com marinheiros, aventuras marítimas e lutas com espadas, em especial Cisne Negro (1942).
ResponderExcluirAbraços!
Oi Jefferson, que legal a sua matéria sobre o filme. Dá vontade de ver o filme agora mesmo, o figurino do filme é fantástico e tudo parece se encaixar tão bem que a gente pensa que é real. Eu amo capa e espada e tendo Errol mais ainda.
ResponderExcluirUma pena que não se faça mais filmes assim, com aventura ingênua e muito talento.
Amo seu BLOG*__ um dos meus favoritos <3
Ola caro Jeff,quanta coisa interessante acabei de ler agora.Adoro este tipo de filme.Cumprimentos pela ótima postagem.Beijussss,
ResponderExcluirSou suspeita pra falar dos filmes do Errol Flynn, acho que ele foi um ícone dos filmes de aventura. Há algum tempo vi este filme sem muitas expectativas, justamente pela ausência da Olivia de Havilland. Mas me impressionou e me agradou muito. Bons tempos do cinema, bons tempos!
ResponderExcluirAbraços!
Também preciso me inteirar com os filmes de Errol Flynn. Sou amante do cinema clássico, mas ainda tenho que ver muita coisa. Ótima postagem! Abração.
ResponderExcluirAdoro filmes do gênero - sério, não me canso de assistir os filmes sobre Elizabeth I (estreados pela Cate Blanchett) e Shakespeare In Love. Gostei muito da resenha. Tenho que procurar esse filme para assistir :)
ResponderExcluirBeijos <3
Saudações nobre Jefferson, tudo em paz com vc? Estive um tempinho ausente de novo e vi seus comentários em algumas de minhas postagens no meu espaço. Muito obrigado meu amigo. Quanto ao filme na matéria, vc prestou grande depoimento em informações sobre este clássico de Michael Curtiz que não tem mais nada para apontar. Nem preciso falar que Errol espetacularmente brilha e talvez seja o ator mais perfeito nos clássicos Capa & Espada de todos os tempos.
ResponderExcluirBrenda Marshall foi uma atriz sem carisma embora bela, que se casou com o ator William Holden em 1941, tendo dois filhos com ele. Ela largou o cinema em 1950 para se dedicar a vida de casada com Bill e aos filhos, mas o casamento de dissolveu em 1971.
Parabéns, grande abraço
Paulo Telles - FILMES ANTIGOS CLUB ARTIGOS
Obrigado a todos pelos comentários.
ResponderExcluirDevido as correrias da Universidade, ando meio ausente, mas por esses dias volto com uma nova postagem....
Abraços!
Já li muito sobre o astro Errol Flynn, mas você acredita que nunca vi nenhum filme com ele. Talvez esse filme seja uma ótima oportunidade. Abraços.
ResponderExcluirDo mesmo nível de Flynn, na mesma época, só Tyrone Power.
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