(Jesse James) De: Henry King, Com: Tyrone Power, Henry Fonda,
Nancy Kelly, Randolph Scott, John Carradine, Jane Darwell, Henry Hull, EUA – Cor
– Faroeste – Fox – 1939.
Jesse Woodson
James nasceu no condado de Clay, atual cidade de Kearney no estado americano de
Missouri no dia 05 de setembro de 1847. Filho do comerciante e pastor Batista
Robert S. James (1818-1850) e Zerelda James (1825-1911), Jesse tinha dois
irmãos, o mais velho Alexander Franklin “Frank” James (1843-1915) e Susan
Lavenia James (1849-1889). Em 1861, com o inicio da Guerra de Secessão americana,
os James, apesar de residirem num estado escravista que permanecera com a
união, optaram em ficar ao lado dos confederados. Nessa época o Sr. Robert
James, como se sabe, já havia falecido e Zerelda encontrava-se casada com o
médico Reuben Samuel. Logo, Frank James já fazia parte do Missouri State Guard realizando recrutamento para os separatistas e
lutando em batalhas como a Wilson´s Creek.
Em 1863, Frank seria denunciado como membro de guerrilhas e passa a ser
procurado por milícias da União, que acabam invadindo o sitio da família James-Samuel
em sua busca. É nessa ocasião, segundo consta, que Jesse James, com então dezesseis
anos, salva o irmão assassinando um oficial da união. Após o incidente, ambos
fogem para uma floresta e se juntam ao grupo separatista liderado pelo
sanguinário William T. Anderson (1839-1864). Em consequência desse ato, a
família James-Samuel é expulsa do condado de Clay, enfurecendo ainda mais os irmãos
Frank e Jesse James, que passam a viver deliberadamente de forma errante e fora
da lei. Assaltando bancos e trens pagadores, os irmãos se tornam procurados
pelo estado e pelo presidente da União, Ulysses S. Grant (1822-1885), que
ofereciam altíssimas recompensas a quem os capturasse.
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Original: Cartaz anuncia recompensa por Jesse James |
Lendários, os irmãos
James tornaram-se os fora da lei mais famosos da história dos Estados Unidos.
Desde a morte de Jesse, ocorrida em 1882 e de Frank, em 1915, foram muitas as “honras”
prestadas a eles; Livros, gibis, canções, filmes e seriados retratavam sob
diferentes viés (de facínoras a heróis) a vida daqueles que até hoje se faz
questionar; foram vitimas do clima opressor de uma violenta guerra civil ou
malfeitores pelos próprios desígnios? Hollywood desde muito cedo se interessou
em levar às telas a história dos James. Os primeiros filmes sobre eles,
especificamente sobre Jesse, foram Jesse
James Under The Black Flag e Jesse
James as the Outlaw, ambos produzidos em 1921 e trazendo no elenco o
primogênito Jesse Edward James (1875-1951) interpretando o próprio pai. A
partir de então, nenhuma década sequer passou sem que diversos filmes sobre os
irmãos James chegassem às telas. Em 1939, além do faroeste clássico de Henry
King aqui em destaque, foi produzido Days
of Jesse James, dirigido por Joseph Kayne e estrelado por Roy Rogers. Nas
décadas seguintes, além de Henry Fonda voltar como Frank no clássico de Fritz
Lang O Retorno de Frank James (1940)
e Roy Rogers, dessa vez como Jesse, em Jesse
James at Bay (1941), seguiram-se; Preston Foster, sob a direção de Samuel
Fuller em Eu Matei Jesse James (1949),
Cavaleiros da Bandeira Negra (1950), Jesse James Women (1954), Quem foi Jesse
James (1957), Valentão é Apelido (1959), Jesse James Meets Frankenstein´s Daughter
(1966), A Time For Dying (1969), Sem Lei e Sem Esperança (1972), Cavalgada dos
Proscritos (1980), The Last Days of Frank e Jesse James (1986), Frank e Jesse
(1994), Jovens Justiceiros (2001) e por fim a recente superprodução O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde
Robert Ford (2007).
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Alguns dos diversos filmes sobre Jesse James |
O renomado diretor estadunidense Henry King (1886-1982)
já havia trabalhado com o Superstar Tyrone
Power (1914-1958) nos clássicos Na Velha
Chicago (1937) e The Alexander´s
Ragtime Band (1938) quando foi
convocado novamente por Darryl F. Zanuck (1902-1979) para dirigir o ator no
faroeste em Technicolor Jesse James
(1939). O filme, que no Brasil chegou e permaneceu por muito tempo com o título
Jesse James – Lenda de Uma Era Sem Lei, pode-se
dizer que, apesar de não ser o mais fiel retrato da vida dos irmãos (e creio
eu, essa nem foi a intenção dos produtores), é sem dúvidas o melhor faroeste
sobre eles. A superprodução de 1,6 milhões de dólares não aborda em nenhum
momento a participação dos James na guerra civil, conflito esse que no mesmo
ano já estava sendo tratado minuciosamente em outra superprodução sob direção
de Victor Fleming. O filme de King se inicia com a entrada dos irmãos Jesse e Frank
(Power e Fonda respectivamente) no mundo do crime. Obviamente que no faroeste
os fatos se misturam com a ficção e os motivos que levam os irmãos fugirem de
sua fazenda no interior de Missouri não são os mesmos que aqui já foram citados.
No filme, os irmãos se tornam foragidos da União após Jesse atirar em um
funcionário da St. Louis Midland,
empresa ferroviária que “obrigava” os pequenos proprietários a vender suas
terras por míseros dólares. O filme aborda também o relacionamento e casamento de
Jesse e Zee (Kelly) e os conflitos do proscrito com sua gangue, inclusive com seu
amigo traidor e assassino Robert “Bob” Ford (Carradine).
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O Padecimento de Zerelda enfurece seus filhos Jesse e Frank |
O roteiro de Nunnally
Johnson (1897-1977) além de alegórico e dramático por diversas vezes apresenta
tanto Jesse quanto Frank como grandes heróis, o que fica completamente evidente
na cena final do filme, quando no funeral de Jesse, seu amigo Rufus Cobb (Hull)
declama; “Não Tenham Dúvida, Jesse era um
bandido, um fora da lei, um criminoso, até os que o amavam não sabem explicar
isso, mas não nos envergonhamos dele, não sei porque e acho que nem a America
sente vergonha de Jesse James, talvez seja por ele ter sido ousado e
irreverente, como todos gostaríamos de ser, talvez porque nós entendemos que ele não tinha culpa de ser o produto
de uma época, talvez porque em dez anos ele levantou a poeira de cinco
estados ou porque talvez ele foi tão bom naquilo que decidiu fazer, eu não sei,
só sei que ele era um dos vaqueiros mais corajosos, ousados e safados que já
andaram pelos Estados Unidos da América. Repleto de ação e boas sequencias
de perseguições, o filme resistiu ao tempo e permanece como um dos grandes
faroestes do cinema. Merecem destaques as incríveis interpretações de Power,
Fonda e Jane Darwell com sua pequena participação como Zerelda James; No ano
seguinte, Darwell novamente interpretaria a mãe de Henry Fonda na obra prima de
John Steinbeck; As Vinhas da Ira (1940). Outro destaque do filme, porém negativo e
inadmissível, é a sequência em que Jesse James salta de um penhasco com um
cavalo. Na cena, o cavalo quebrou a coluna e obviamente morreu em consequência da
queda, gerando revolta no público e nos integrantes do American Humane Association, que a partir daí passou a policiar
todos os filmes rodados em Hollywood impedindo que outros
animais sofressem maus tratos. Com exceção dessa tétrica cena, o filme é
agradável e sem dúvidas um bom entretenimento para os fãs do velho e extinto western americano.
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Jesse James vinga a morte de sua mãe |
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É Preso e logo em seguida liberto por seu irmão Frank |
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Jesse e Zee, enamorados |
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Jesse e Zee, casamento conturbado |
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Power, Kelly e Fonda em foto publicitária |
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Tyrone Power como Jesse James |
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Henry Fonda, astro absoluto da 20º Century Fox |
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O Verdadeiro e lendário Jesse Woodson James (1847-1882) |
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Cartaz original do filme |
Olá, Jefferson. Esse sempre bom ver filmes baseados em fatos reais. Quando estás películas assume uma temática bang-bang parece mais empolgante. Não conhecia este. Mas, meu pai concerteza. Fiquei curioso para ver umas desta indicações. Mais uma vez: parabéns.
ResponderExcluirUm excelente apanhado sobre a vida desse lendário fora da lei! Aprendi muito com o post.
ResponderExcluirEste filme de 1939 é uma excelente produção e ganha por ser em Technicolor, e também pelas boas atuações.
Abraços!
Jefferson! Como vai?
ResponderExcluirAí está um clássico do gênero. Quando vi pela primeira vez já conhecia o trabalho de Tyrone Power, mas depois fiquei ainda mais encantada. Elenco grandioso, produção que dispensa comentários. Um filme indispensável. Aliás, gostei da primeira parte do seu post, muitas curiosidades! É uma história que ainda pode render inúmeras obras.
Quero aproveitar pra agradecer os comentários. Fico extremamente contente ao saber que você lê posts antigo e deixa sua opinião em cada um deles. São pouquíssimas as pessoas que fazem isso. Muito obrigada mesmo. E quanto ao filme Retrato de Jennie; não acredito que você não gostou! Eu vou assistir o outro que indicou pelo comentário e volto aqui pra debatermos HAHAHAHA
No mais, parabéns pelo post e pela dedicação e respeito aos seus leitores. É admirável!
Abraços!
Obrigado pelos comentários pessoal.
ResponderExcluirMax, procure assistir esse filme, você não vai se arrepender,
Rubi, assista mesmo O FANTASMA APAIXONADO, é um grande filme, já falei sobre ele, inclusive, aqui em meu blog algum tempo atrás.
Grande abraço a todos!