(Rear Window) De: Alfred Hitchcock, Com: James Stewart, Grace
Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr, Georgine Darcy, Judith
Evelyn, Ross Bagdasarian. EUA
– Suspense – Cor – Paramount – 1954.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, obra-prima significa “obra de grande perfeição, notável em determinado gênero; o melhor trabalho de um escritor ou um artista; obra-mestra”. Apesar de Rebeca a Mulher Inesquecível e A Sombra de Uma Dúvida ser da década de 1940 e Psicose e Os Pássaros ser da década de 1960, foi na década de 1950 que Alfred Hitchcock (1899-1980) realizou sua sucessão de obras primas, sendo essas; Pacto Sinistro (1951), A Tortura do Silêncio (1953), Disque M Para Matar (1954), Ladrão de Casaca (1955), O Homem Que Sabia Demais (1956), O Homem Errado (1957), Um Corpo que Cai (1958), Intriga Internacional (1959) e claro, Janela Indiscreta (1954). Aclamado pela crítica e principalmente pelo público, Janela Indiscreta é um dos filmes mais famosos do mestre do suspense. Segundo o cineasta Curtis Hanson, se alguém perguntasse como são os filmes de Hitchcock, alguém que não os conhecesse, podia-se mostrar Janela Indiscreta, e de certa forma abranger todo Hitchcock, afinal, em Janela Indiscreta se vê imediatamente todo o seu brilhantismo técnico, sua capacidade de contar uma história de forma cativante e única, seu senso de humor, o voyeurismo, a sexualidade, enfim, tudo que é típico no exímio diretor inglês.
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O Voyeurismo de Jeffries |
A história de Janela Indiscreta nasceu em 1942, quando Cornell Woolrich (1903-1968) escreveu o conto It Had to Be Murder. Woolrich, um célebre novelista de dramas policiais, escrevia desde a segunda metade da década de 1920, todavia, foi só no inicio dos anos 1940, com o advento dos filmes que hoje classificamos como noir, que seu nome tornou-se notório na indústria fílmica. Baseados em seus romances, destacam-se os seguintes filmes; O Homem Leopardo (1943), A Dama Fantasma (1944), Morte ao Amanhecer (1946), Anjo Diabólico (1946) e Casei-me com um Morto (1950). Em 1954, ao ingressar na Paramount, Hitchcock uniu-se ao excelente roteirista John Michael Hays (1919-2008), que ficou responsável por adaptar e enriquecer o conto de Woolrich, que no original só abordava a trama principal entre o fotógrafo incapacitado e o suposto vizinho assassino, e a renomada figurinista Edith Head (1897-1981) que tinha como tarefa deixar Grace Kelly (1929-1982) ainda mais deslumbrante. Assim como o cinegrafista Robert Burks (1908-1968), John Michael Hays e Edith Head, ao longo dos anos, também contribuíram significativamente com o sucesso de diversos filmes de Hitchcock. No que se diz respeito ao elenco, James Stewart (1908-1997) e Grace Kelly foram escolhidos a dedo pelo diretor para interpretar o casal central. Stewart, que era um dos atores preferidos de Hitchcock, já havia trabalhado com esse em Festim Diabólico (1948), e Kelly em Disque M Para Matar, também em 1954. Do elenco de apoio destacam-se, a sempre ótima Thelma Ritter (1902-1969), como a enfermeira Stella, e o sempre mal encarado Raymond Burr (1917-1993), como o vizinho misterioso Lars Thorwald.
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O Voyeurismo de Stella e Lisa |
Janela Indiscreta já se inicia com um toque de mestre, isto é, uma introdução digna de Hitchcock. Sem dizer uma única palavra, apenas com o movimento da câmera, em poucos segundos somos apresentados a L. B Jeffries (Stewart), um fotógrafo profissional que graças a um acidente de trabalho encontra-se provisoriamente preso a uma cadeira de rodas no seu apartamento em Nova York. Como não tem nada para fazer, a não ser jogar conversa fora com sua enfermeira Stella (Ritter), Jeff, provido de uma ótima lente teleobjetiva, passa a maior parte do tempo bisbilhotando a vida de seus vizinhos, entre eles, uma dançarina que não faz outra coisa a não ser ensaiar diversos passos e que ele apelida de senhorita Torso (Darcy); uma mulher solitária que sonha encontrar seu pretendente e que Jeff e Stella apelidam de Coração Solitário (Evelyn), um pianista (Bagdasarian) que insiste arduamente em uma nova composição e um misterioso vendedor, Lars Thorwald (Burr), que vive em crise com a sua acamada esposa. Numa noite chuvosa, após despertar com um grito, Jeffries passa a desconfiar do comportamento de Thorwald, principalmente após notar o desaparecimento de sua esposa. Com a ajuda da namorada Lisa (Kelly), e de sua enfermeira Stella, Jeffries tenta de todo modo convencer o tenente e amigo Doyle (Corey) a investigar o caso, que segundo ele, se trata de assassinato.
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"Eu farejo problemas nesse apartamento" |
Hitchcock sem sombra de dúvidas consegue a proeza de prender a atenção do espectador do começo ao fim do filme. Foi a sua maestria em dirigir minuciosamente a trama e as incríveis performances de todo o elenco que fizeram Janela Indiscreta se tornar o clássico absoluto que é. Sem deixar de mencionar, outros pontos altos do filme são; a sua perfeita trilha sonora (indicada ao Oscar), assinada por Franz Waxman (1906-1967) e a perfeita direção de arte, assinada por J. McMilan Johnson (1912-1990) e Hal Pereira (1905-1983). Apesar de Waxman ter composto a bela Lisa e o esfuziante Jazz da abertura, são os demais sons naturais presente na trama que nos chamam a atenção. Ao longo do filme se ouve desde canções populares e contemporâneas como; Monalisa de Nat King Cole, To See You Is to Love You de Bing Crosby e That´s Amore de Dean Martin a óperas como; M´appari Tutt´amor de Friedrich Von Flotow´s. Quanto à direção de arte, assim como em outros filmes de Hitchcock, vide Um Barco e Nove Destinos (1944) e os já citados Festim Diabólico (1948) e Disque M Para Matar (1954), toda a ação de Janela Indiscreta está confinada em um único cenário, e cá entre nós, que cenário! Por muito tempo foi um dos maiores sets já criados nos pequenos estúdios da Paramount. A autenticidade dos fundos do complexo de apartamentos é tão incrível que fica difícil acreditar que foi tudo construído em estúdio. Janela Indiscreta estreou no dia 04 de agosto de 1954 em Nova York e seu sucesso foi imediato, tanto entre a crítica e o público. Ao todo, o filme custou à Paramount cerca de U$ 1 milhão, e arrecadou mais de U$ 36 milhões só nos Estados Unidos. Anos mais tarde Jimmy Stewart assumiu que Rear Window era seu filme preferido. Também está entre os preferidos do AFI, onde ocupa a 42º posição entre os 100 melhores filmes da história. Em 1998, Christopher Reeve (1952-2004) e Daryl Hannah estrearam um remake de Janela Indiscreta para a TV americana, sobre esse, bom, sobre esse é melhor nem falar nada.
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Senhorita Torso |
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O compositor e sua ilustre visita |
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Os recém casados |
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Senhorita coração solitário |
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Os Thorwald |
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Após Lisa acreditar na tese de Jeffries |
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Eles tentam convencer o tenente Doyle |
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Jeffries e Lisa |
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Kelly e Stewart em foto publicitária |
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Jimmy Stewart, o preferido de Hitch |
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Grace Kelly, a preferida de Hitch |
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Cartaz original do filme |
Excelente post, com belas imagens para fechá-lo.
ResponderExcluirJanela Indiscreta foi o primeiro Hitchcock que vi, e por sugestão da minha avó. Desde então foi um caminho sem volta: sou cada dia mais fã das obras do mestre do suspense.
Abraços!
Ainda acho "Um corpo que cai" o mais completo filme do Mestre Inglês, sua verdadeira obra-prima! Afinal, "Janela Indiscreta" apresenta "falhas" - o ritmo mais ensaiado/teatral; o final "anticlimático" e de rápida conclusão... Ainda assim, este belo filme figura, para mim, como um dos melhores filmes já feitos, estando mesmo na minha lista dos (pouco mais de) 50 filmes com as melhores sequências de abertura/final de todos os tempos! Ainda não viu? Pois corra aos Morcegos e acompanhe esta fabulosa trilogia - com a última postagem com os (pouco mais de) 15 melhores ainda no ar!
ResponderExcluirComerciais à parte, que bom que o amigo cinéfilo voltou a postar - e, melhor ainda, com um filme tão genial! Abração!
já assisti esse filme em uma madrugada de Domingo na Glbo a alguns anos atrás! infelizmente estava com sono e não vi o filme todo. é um clássico que eu preciso rever mesmo! eu acho a Ryanne Moraes(ex-esposa do Latino) parecida com a Grace Kelly! gostei muito de ter conhecido o Cinema Antigo! vida longa e muito sucesso para esse seu projeto!! Marcos Punch
ResponderExcluirfaltou a letra 'O" na palavra "Glbo"! o certo é Globo!!! escrevi errado também o nome da ex-esposa do Latino: o certo é Rayanne Morais!! Marcos Punch
ResponderExcluirOla caro amigo,que prazer em receber tua visitinha.Excelente postagem sobre este inesquecível filme.Gosto demais das tramas deste jamais esquecido diretor.Grande abraço.SU
ResponderExcluirDentre as minhas falhas cinematográficas, talvez a maior seja não conhecer muito o trabalho do Alfred Hitchcock. O que de forma alguma é falta de interesse, devo ter colocado Bergman e Woody Allen na frente rs
ResponderExcluirEsse "Janela Indiscreta" é um que eu não vi, mas, motivado pela paixão que você demonstrou no texto, certamente será o próximo que assistirei do mestre.
Gostei muito de conhecer o seu blog, ganhou um novo leitor!
Ps: Eu tenho um blog de cinema alternativo, seria uma honra se você desse uma olhada. É singelo, mas feito com o coração. Estamos te recomendando por lá amigo!
Abraço e muito obrigado pelo trabalho!
O blog é: http://cronologiadoacaso.com.br/
ExcluirNão vou mentir.. Já tinha ouvido muito falar sobre o mestre do suspense Hitchcock, quem não conhece a famosa cena do banheiro no clássico Psicose? Mas não minto que só do ano passado pra cá que vim assistir à alguns dos filmes dele, e comecei justamente por Psicose, depois vieram Um corpo que cai, festim diabólico, janela indireta e ainda virão outros ainda pq são tantos clássicos do gênio chamado Alfred Hitchcock.
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