quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"A Tortura do Silêncio" (1953)

(I Confess) De: Alfred Hitchcock, Com Montgomery Clift, Anne Baxter, Karl Malden, O.E Hasse, Brian Aherne, Roger Dann, Dolly Hass, EUA – Suspense – P&B – Warner - 1953.

Michael Logan (Clift) é um padre integro honesto e acima de qualquer suspeita que deixou tudo para trás para dedicar-se inteiramente a vida religiosa. Juntamente com outros padres, Logan ordena em uma paróquia na cidade de Quebec no Canadá, onde com eles residem também o casal de refugiados alemães Otto e Alma Keller (Hasse e Hass respectivamente). Certa noite após cometer um terrível assassinato, Otto imediatamente segue para igreja e o confessa diante de Logan, que por sua vez (e segundo as normas da religião católica) guarda profundamente o silêncio. Quando o Inspetor Larrue (Malden) inicia suas investigações diversos fatos contribuem contra a integridade do padre, fazendo com que ele se torne o principal suspeito do crime. Ruth Grandfort (Baxter) uma “antiga” paixão de Logan após descobrir a atual situação desse, no intuito de ajudá-lo complica - o ainda mais levando - o a julgamento. É mais um dos diversos filmes de Hitchcock onde um homem inocente se torna culpado. Foi baseado na peça francesa Nos Deux Consciences, e é considerado por muitos como o filme mais romântico do mestre do suspense. A ótima trilha sonora assinada por Dimitri Tiomkin que inclui até cantos Gregorianos (Dies Irae) foi elaborada minuciosamente para expressar a tristeza e o sofrimento do padre mediante a sua difícil situação. A fotografia magistral de Robert Burks (fiel parceiro de Hitchcock em praticamente todos os notáveis trabalhos do diretor como Pacto Sinistro, Janela Indiscreta, Disque M Para Matar, Um Corpo Que Cai, etc) exprime o clima tenso e pesado da obra que inquestionavelmente pode ser intitulado de Obra Prima.

✩✩✩✩

O padre Michael Logan ouve a confissão de Otto Keller
Que de inicio se demonstra arrependido do crime
Mas logo deixa transparecer suas verdadeiras intenções
Logan aguardando o interrogatório do inspetor Larrue
Logan é  reconhecido por pequenas testemunhas
Ruth Grandfort descobre a situação de seu "antigo" amor
O Inocente torna-se o principal suspeito
No intuito de ajudar Logan, Ruth o prejudica ainda mais
E expõe seu antigo relacionamento com o atual sacerdote
O antigo e ardente amor de Ruth e Michael
As circunstâncias colocam Logan frente a frente com a verdade
Anne Baxter e Montgomery Clift em foto publicitária
Cartaz original do filme

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Serenata Tropical" (1940)

(Down Argentine Way) De: Irving Cummings, Com Betty Grable, Don Ameche, Carmen Miranda, Charlotte Greenwood, J. Carrol Naish, EUA – Musical – Cor – Fox – 1940.

O Diretor americano Irving Cummings que iniciou sua carreira como ator nos palcos da Broadway ainda adolescente, passou a atuar no cinema a partir de 1909 onde permaneceu até o inicio dos anos 20, quando finalmente decidiu aventurar-se na direção. Mesmo tendo sido Indicado ao Oscar em 1929 como melhor diretor por In Old Arizona é somente no final dos anos 30 após dirigir a estrela mirim Shirley Temple na comédia musical Pequena Miss Broadway que Cummings alcança seu reconhecimento imortalizando-se como um dos principais diretores das extravagantes comédias musicais em Technicolor da Fox. Foi Cummings juntamente com Darryl F. Zanuck os responsáveis por levar as telas pela primeira vez a Portuguesa naturalizada Brasileira Carmen Miranda. Carmen alcançara grande prestigio em diversos palcos americanos em 1939 e no inicio dos anos 40 já havia se apresentado até mesmo na casa branca diante do então presidente Roosevelt. O filme era o musical Down Argentine Way que no Brasil passou a ser Serenata Tropical.  Tremendo sucesso de público e crítica o filme foi muito bem aceito e tornou Carmen Miranda a primeira “embaixatriz” brasileira em Hollywood.  No filme Carmen aparece como ela mesma cantando em uma casa noturna de Buenos Aires. Logo após o termino dos créditos iniciais Carmen Miranda surge nas telas cantando um de seus maiores sucessos: South American Way. Na trama a história da bela Glenda Crawford (Grable) uma jóquei  que viaja junto com sua tia Binnie (Greenwood) até a Argentina onde vive Ricardo Quintana (Ameche) na intenção de comprar dele um valioso animal. Glenda e Ricardo acabam se apaixonando, mas devido a uma antiga inimizade entre seus pais tanto os negócios quanto o relacionamento se tornam difíceis. Enriquecido com diversos e bons números musicais Serenata Tropical também encanta por seu ótimo e cômico roteiro. Recentemente o filme foi remasterizado tornando as cores do Technicolor ainda mais vivas e brilhantes. Apesar de um tanto envelhecido o filme segue na história do cinema por ser o primeiro estrelado em Hollywood por aquela que mais tarde seria reconhecida internacionalmente como a eterna pequena Notável. Indispensável.

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  Assista Carmen Miranda cantando a ótima: "Bambú-Bambú"

Hollywood cheguei !!

Glenda Crawford avista um belo cavalo argentino
E logo conhece seu dono
Binnie e Glenda são recepcionadas no aeroporto argentino
Carmen Miranda canta "Mamãe eu quero" no "El Tigre"
Glenda e Ricardo, amor sem fronteiras
Foto publicitária do filme
Sequencia sspecial:  A incrível apresentação dos Nicholas Brothers
Don Ameche é Ricardo Quintana
Uma das maiores Pin- Up Girls do cinema: Betty Grable 
Toda a simpatia de Carmen Miranda
Cartaz original do filme

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"Gilda" (1946)

(Gilda) De Charles Vidor, Com Rita Hayworth, Glenn Ford, George MacReady, Joseph Calleia, EUA - Romance\Noir - P&B - Columbia - 1946.

Johnny Farrell (Ford) é um vigarista americano que ganha à vida nos submundos de Buenos Aires trapaceando em diversos tipos de jogos. Certa noite ao ser encurralado por um insatisfeito perdedor, Johnny é salvo por Ballin Mundson, (MacReady) o inescrupuloso dono de um cassino ilegal. Devido seus “talentos” Johnny é convidado para trabalhar no cassino, onde rapidamente acaba se tornando gerente e braço direito de Ballin.  A fiel relação entre os dois é completamente arruinada quando Ballin retorna de viagem casado com Gilda (Hayworth) a antiga e mal curada paixão de Johnny.  O filme ao ser lançado em 1946 obteve enorme sucesso de público enquanto as criticas o consideravam provocativo, devasso e imoral. Rita Hayworth, a então protegida de Harry Cohn e estrela máxima da Columbia, brilha e irradia sensualidade como nenhuma outra atriz de Hollywood conseguira fazer desde a implantação do código Hays. A sequência que ela canta Put the Blame on Mame sugerindo um streaptease é um dos momentos mais eróticos do cinema clássico. Não é por acaso que o cartaz do filme já dizia: “Nunca Houve Uma Mulher Como Gilda”; De fato só podemos concordar com o slogan, pois, se hoje o filme ainda é arrebatador (e até mesmo forte se considerarmos algumas cenas repletas de malicias sexuais) imaginemos, portanto quão grande foi seu impacto junto a sociedade dos anos 40. Charles Vidor, que anteriormente já havia dirigido Hayworth ao lado de Gene Kelly no ótimo musical Modelos (1944), com Gilda alcançava seu ápice, pois não restam dúvidas que esse é seu melhor trabalho. O sucesso do filme foi tanto que dois anos depois Vidor repetia a dose unindo novamente o casal Ford/Hayworth no fraco Os Amores De Carmem (1948), que não obteve o mesmo prestígio. Nas décadas posteriores quando alguns filmes dos anos 40 e 50 começaram a ser rotulados como Noir Gilda foi imediatamente eleito o melhor deles. Cinema de altíssimo nível e indispensável em qualquer coleção.Obra Prima.

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O Vigarista Johnny Farrell  sobrevive jogando no submundo
Até conhecer e se tornar  braço direito de Ballin Mundson
Só que Ballin se casa com Gilda...
O Antigo amor de Johnny
Apesar de ainda se amarem o relacionamento é acirrado
E Gilda o provoca de todas maneiras
Mesmo estando mais linda do que nunca
E completamente apaixonada
Gilda não é correspondida 
"Nunca houve uma mulher como Gilda"
Sem dúvidas, uma das cenas mais antológicas do cinema
A Superstar da Columbia, Rita Hayworth
Glenn Ford como Johnny tem o melhor desempenho de sua carreira
Cartaz original do filme

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

"1º Aniversário" - O Cinema Antigo


“Parece que foi ontem” digo isso, pois me lembro perfeitamente do dia. Era uma tarde qualquer de 1995 quando sem nada para fazer decidi ligar a TV. O canal era o SBT e estava no ar a sessão Cinema em Casa. Peguei o filme já pela metade e sem entender nada do que estava acontecendo, recordo que me chamou a atenção as cenas que eu estava assistindo. Eu não sabia o nome do filme e sequer dos artistas que nele estavam. Por muito tempo só me lembrava vagamente de algumas sequencias onde um jovem na companhia de uma moça perseguia outro jovem até um planetário. Foi esse o meu primeiro contato com um filme antigo. Passado algum tempo (conforme já relatado em meu primeiro post no blog) eu estava lendo uma revista de conteúdo adulto denominada Ele/Ela, a edição era antiga, do inicio da década de 80 e pertencia a uma coleção do meu irmão mais velho. Em meio às diversas mulheres nuas que estampavam as páginas daquela revista eu me deparei com uma foto do "rapaz do filme", o mesmo que perseguia o jovem em direção ao planetário no filme que até então me era desconhecido e que eu apenas tinha assistido a última parte. Finalmente eu conseguia desvendar o mistério, o nome daquele filme era Juventude Transviada e o ator, um tal de James Dean.


"O Primeiro filme antigo que vi, no cinema em casa do SBT"
"Juventude Transviada (1955)"

"As revistas que me transportaram para o mundo do cinema"


A porta estava aberta, li a matéria (que por sinal era ótima) e em menos de 15 minutos descobri toda a história daquele jovem rapaz. Creio que foi nesse momento inclusive que nasceu em mim esse forte desejo pela pesquisa, essa curiosidade e amor pelo passado. Fui em busca dos filmes de Dean e como vivo em uma cidade pequena obviamente não encontrei nenhum. A partir de então eu sempre ficava antenado nas programações da TV na esperança que algum deles fosse exibido. Mesmo isso não acontecendo eu acabei gravando alguns outros que fui conhecendo através das minhas diversas leituras sobre o mundo dos filmes clássicos, pois nessa época eu já comprava assiduamente a revista SET (que por anos foi ótima mas que ao ser extinta na segunda metade da década de 2000 já não fazia falta alguma) e foi através dela que descobri um mundo novo. Em uma certa ocasião, mais precisamente em 1998, tive uma carta publicada na sessão entre leitores e me correspondia com muitas pessoas, pessoas essas que por muito tempo foram muito importantes em minha vida, aprendi muito com elas, todos cinéfilos de carteirinha, trocamos diversos materiais, revistas, livros, documentários e etc. Um dos momentos mais importante daquele ano para mim foi quando comprei um Box da Warner com os três filmes de James Dean (em VHS) e mais um documentário de brinde, aquela foi a minha maior aquisição até então e a que eu mais me orgulhava. Finalmente eu poderia assistir em suas versões originais os filmes que por mais de três anos eu desejava. 


"Por muito tempo essa coleção de VHS foi minha maior aquisição"


Já apaixonado pelo cinema clássico e possuindo muitos filmes e materiais, em 1999 ao me converter ao protestantismo (como muitos outros fazem) deixei tudo para trás para seguir fanaticamente aquela que para mim era a maneira certa de viver. Joguei muita coisa fora, filmes, livros, revistas e acreditem coisas raríssimas como edições antigas da extinta e saudosa revista “Cinelândia” e etc. De tudo que me desfiz do que mais me arrependo foram meus inúmeros amigos via correios que tanto me fizeram bem e me ensinaram sobre o mundo dos filmes antigos. Permaneci nessa condição até 2003 quando após diversos problemas pessoais resolvi me desligar daquela rígida doutrina. Não é preciso dizer que fui em busca de tudo outra vez! Muitas coisas consegui comprar novamente mas outras, nunca mais, como por exemplo, a ótima matéria que me fez conhecer James Dean. Com o avanço da popularidade dos DVDs e com os inúmeros lançamentos de filmes antigos, hoje me orgulho do que conquistei novamente, mas claro, sempre me dá um nó na garganta quando lembro-me do arquivo que desperdicei. Em 2010 após me desligar de uma empresa a qual eu prestei serviços por mais de oito anos (que era ótima por sinal mas me tomava todo o tempo do mundo), eu comecei novamente a ter tempo disponível para escrever sobre os filmes que eu assistia. Independente do filme, antigo ou novo, ao terminar de assistir eu corria e escrevia. Após diversos já escritos eu tive a brilhante idéia de iniciar um blog e sem nenhum interesse, a não ser compartilhar com pessoas que também gostam dos filmes antigos, no dia 07 de fevereiro de 2011, há exatamente um ano atrás, eu criei “O Cinema Antigo”. Optei por esse nome pois eu queria algo simples e que ao ser pesquisado fosse logo encontrado, e também por já dizer tudo em seu título afinal, se o blog tem esse nome obviamente que seu conteúdo será destinado somente as produções mais antigas (costumo considerar “antigo" os filmes realizados até 1969). Nesse um ano de existência o blog foi crescendo realmente como uma criança. Nunca tive outra página, portanto, não possuía muita experiência (e ainda não possuo), fico maravilhado quando vejo algum blog repleto de efeitos etc, entretanto, creio eu, tudo tem seu tempo. No inicio eu não tinha o costume de divulgar o blog e nem os posts, depois passei a usar como meio de divulgação o facebook, que acabou me rendendo diversas visitas.

Casablanca, por muito tempo, campeão isolado no número de acessos 


Agradecimentos

Após conhecer outros blogs do gênero a minha página deu um salto e mudou como da água para o vinho.  Naturalmente as visitas triplicaram, assim como o numero de comentários deixado por amigos fiéis que sempre estão presentes. Devo muito, mas muito mesmo a Carla Marinho do fantástico "Grupo de Blogs De Cinema Clássico", pois foi graças a ela e aos seus links divulgando meus posts que passei a conhecer e receber a visita de diversas pessoas e compartilhar com elas esse maravilhoso vicio cinematográfico. Sou grato também ao Antonio Nahud Junior que foi um dos primeiros (senão for o primeiro) a seguir minha simples página. Depois que meu blog passou estar “linkado” no ótimo O Falcão Maltês” , acompanhei através das estatísticas a quantidade absurda de visitas que recebo oriundas de lá. Devo ainda  a Paulo Nery, o incrível e ótimo editor do blog "Filmes Antigos Club Artigos", que me apresentou em seu espaço numa lista sobre os melhores blogs de cinema antigo, até hoje acho que foi muita bondade da parte dele e só cabe a mim agradecer imensamente. Não tem como agradecer a todos que me acompanham e me incentivam, porém, gostaria de deixar registrado minha profunda e admirável consideração por Rubi e Lê, editoras dos blogs: "All Classics” e “Crítica Retrô”. Tenham certeza, sem vocês o meu blog não teria graça alguma. Agradeço imensamente a todos e peço que continuem a compartilhar comigo esse prazer imensurável que é admirar e se encantar, (porque assistir é muito pouco), uma obra prima do cinema. Abraços!!




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