domingo, 28 de outubro de 2012

"Anjos do Inferno" (1930)

(Hell´s Angels) De: Howard Hughes, Com: Ben Lyon, James Hall, Jean Harlow, John Darrow, Lucien Prival, Frank Clarke, EUA - Guerra - P&B/Cor - The Caddo Company - 1930.

Após se tornar órfão de mãe e pai em 1922 e 1924 respectivamente, o jovem de então dezenove anos Howard Hughes passa a controlar as milionárias empresas petrolíferas de seu pai, Hughes Robard Company em Houston – Texas. Em 1925 ao completar vinte anos, Hughes já bilionário, se casa com Ellen Rice, abandona a universidade e se muda para Hollywood no intuito de realizar um de seus grandes sonhos, tornar-se cineasta. Dois anos após ter chego à cidade dos sonhos, Hughes em parceria com alguns outros executivos da indústria cinematográfica criam a The Caddo Company, empresa responsável por lançar nove grandes filmes entre 1927 e 1932, destacando-se; Dois Cavaleiros Árabes (1927), A Lei dos Fortes (1928), o vencedor do Oscar Sem Novidades no Front (1931), e Scarface, a Vergonha de uma Nação (1932).  Em 1929 após se divorciar de Rice, Hughes adquire a fama de galanteador e passa a se relacionar com diversas estrelas de Hollywood. Entre seus  affairs estavam; Jean Harlow, Katharine Hepburn, Ginger Rogers, Bette Davis, Rita Hayworth, Gene Tierney, Jean Fontaine, Ava Gardner, Olivia de Havilland, Jane Russell e Yvone de Carlo.  Além do cinema e das diversas mulheres, outra grande paixão de Hughes era a Aviação. O excêntrico bilionário, que desde criança demonstrava ter herdado a inteligência do pai, era um grande admirador da mecânica e das novas tecnologias. Freqüentou o instituto de tecnologia de Houston e aos doze anos de idade já havia aparecido até em um jornal andando sobre uma bicicleta motorizada que ele mesmo tinha projetado. Em 1932 funda sua primeira empresa de aviação; Hughes Air Craft e em 1939 assume o controle da TWA após investir nela mais de sete milhões de dólares. No final da década de 1930 e durante toda a década de 1940, após ganhar diversos prêmios em reconhecimento por suas realizações no avanço da aviação, Hughes passa a desenvolver novos modelos de aviões e aeronaves para o exército americano, contribuindo grandemente com o sucesso da Força Aérea dos Estados Unidos durante a segunda guerra mundial. Como nosso foco é o cinema, e a polêmica história de vida de Hughes renderia pelo menos uns cinco posts, passamos a falar sobre seu mais ambicioso e colossal projeto cinematográfico, a milionária produção de 3,8 milhões de dólares (de seu próprio bolso) Anjos do Inferno


Anjos do Inferno; O realismo e o perfeccionismo de H. Hughes

Escrito e dirigido pelo próprio Hughes, Anjos do Inferno começou a ser rodado em 1927 como uma das produções mais caras do cinema mudo, seu elenco estrelar contava com Ben Lyon, James Hall e a atriz norueguesa Greta Nissen.  No entanto, após a First National Pictures (Warner Bros.) lançar O Cantor de Jazz, totalmente “falado”, Hughes maravilhado com a nova tecnologia, cancela toda sua produção e anuncia que Anjos do Inferno seria agora o primeiro grande filme bélico da era sonora. Entre as diversas medidas tomadas para a adaptação do filme ao sistema de som, a mais significativa delas foi o desligamento da estrela Greta Nissen, que por conta de seu pesado sotaque, não tinha condições de estrelar o filme. Para substitui-lá Howard Hughes concede a coadjuvante Jean Harlow a oportunidade de protagonizar seu primeiro grande papel, transformando-a do dia para a noite na eterna e mistificada Vênus Platinada do cinema.  


Ben Lyon e Greta Nissen, em cena descartada da versão muda

O filme, que estreou mundialmente no dia 24 de maio de 1930, ficou marcado por seus trágicos incidentes ocasionados pelo notável perfeccionismo de Hughes, que exigindo o máximo de realismo nas cenas aéreas provocou a morte de mais de quatro pilotos durante as gravações. A trama, que se inicia pouco antes da primeira guerra mundial, trás a história dos irmãos ingleses Roy e Monte Rutledge (Hall e Lyon) estudantes de Oxford que tem em comum o amigo alemão Karl Armstedt (Darrow). Enquanto Monte só pensa em diversão, Roy vive somente para protegê-lo e endeusar sua namorada de comportamento duvidoso Ellen (Harlow). Porém, com o inicio da guerra, Roy e Monte se alistam no RAF (Real Air Force) onde encontram difíceis missões, entre elas, a de sobrevoar e bombardear territórios inimigos.  Karl, por sua vez, que é convocado pelo exército alemão, contrário a sua vontade deve atingir, através de um Zeppelin, a capital inglesa que até então era seu estimado lar. Tendo alcançado enorme sucesso, o milionário épico de Howard Hughes arrecadou mais de oito milhões de dólares em todo o mundo, recebeu ótimas críticas e tornou-se o filme mais importante de sua carreira. Visto hoje, continua impressionando, principalmente pelas diversas cenas aéreas entre os biplanos e por seus ótimos efeitos especiais. Em 2004 o renomado diretor Martin Scorsese leva as telas O Aviador, filme premiado com cinco Oscar e que aborda a vida de Howard Hughes a partir do período em que ele inicia a produção de Anjos do Inferno, até meados de 1940 quando passa a se deteriorar devido seu transtorno obsessivo compulsivo (TOC).  Em suma, Anjos do Inferno, além de clássico, é hoje um dos grandes filmes bélicos produzidos por Hollywood. Indispensável.

✩✩✩✩

Antes da guerra Karl e Roy se divertem
Karl é convocado pelo exército alemão 
Ellen e Roy, amor cego
Karl  no Zeppelin pouco antes de bombardear Londres
Agonia nas alturas  
A decepção de Roy
A destruição do Zeppelin alemão
Os Irmãos Rutledge são capturados
A Vênus Platinada Jean Hearlow
O multimilionário Howard Hughes
Cartaz original do filme

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Selo, Parceria e Sete Coisas Sobre Mim"

Este mês recebi dois presentes de amigos blogueiros. O primeiro deles foi de Ana Marta, editora chefe do “Portal Crítico” que me convidou para ser parceiro de vosso site. Obviamente aceitei, inclusive aproveito a ocasião para divulgar esse ótimo espaço dedicado ao cinema; confiram: www.portalcritico.com. O segundo veio do já parceiro Gilberto, do ótimo blog “Gilberto Cinema” que me selecionou para receber o selo Versatile. Agradeço imensamente o presente Gilberto, já estou adicionando o selo a minha página e também trazendo, conforme solicitado, sete “coisas” sobre mim:

Selo recebido do Blog "Gilberto Cinema"

Falar de nós mesmos, nem sempre é uma tarefa muito fácil, no entanto, muitas das vezes isso se faz necessário para que demais pessoas venham nos conhecer melhor. Portanto, vamos lá:

1 – Origens e Cotidiano;

Sou paranaense, natural de Paranavaí, cidade localizada no noroeste do estado e a 500 km de Curitiba. Atualmente estudo História na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e trabalho no setor administrativo de um Colégio. Em conseqüência dos constantes atropelos do dia-a-dia nem sempre é possível, porém sempre que a ocasião me permite, procuro curtir a tranqüilidade de minha casa e de meu quarto, ao invés das pesadas baladas e das transviadas aventuras que já há algum tempo tenho dispensado em troca de baldes de pipoca e bons filmes (de preferência P&B, kkk). Nos finais de semana, são sagradas as tertúlias com os amigos mais chegados, em calmos barzinhos, sempre regados da boa e velha música popular brasileira.

2 - Família;

Tenho um enorme e profundo amor e respeito por minha mãe (que é o maior exemplo de decência, dignidade, força e honestidade que eu conheço) que me auxilia, me apóia, me critica e me orienta em tudo o que faço. Meus avós maternos, que são verdadeiros exemplos de força, garra e jovialidade e por fim, meus avós paternos que já há algum tempo se foram, assim como meu querido pai, que a três anos partiu deixando além de muitas saudades e boas lembranças, a rica herança de ter me ensinado a distinguir o certo do errado e o bem do mal. Serei grato a ele, que tão bem me educou e me preparou para enfrentar as adversidades do mundo até o último dia de minha vida.

Paranavaí - Paraná

3 – Hobbys e Paixões;

Apaixonado pelo passado, me enquadro perfeitamente nos termos; nostálgico, vintage ou retrô. Além do cinema antigo sou aficionado por egiptologia, arquivos empoeirados, casarões antigos, fotos antigas, carros antigos, centros históricos, museus, etc. Além de meus filmes coleciono também tudo o que posso relacionado ao mundo das antiguidades. Como já disse em outra ocasião, sou fã do ator James Dean, desde meus dezesseis anos e meu filme preferido é Um Lugar ao Sol de 1951. Além do cinema, também sou apaixonado pela natureza, adoro o verde, (sem essa ridícula demagogia utilizada por algumas empresas que com segundas intenções demonstram estar preocupadas com nosso planeta através de seus marketings) os animais, principalmente as aves da espécie psitaciformes, ou seja, os papagaios, as araras, as maritacas, as calopsitas, etc.

4 – Defeitos e Qualidades;

Sou bastante organizado, confesso que até demais, não sei distinguir ao certo se isso é uma qualidade ou uma obsessão. Para mim cada coisa tem seu devido lugar e lá deve permanecer. Também sou bastante crítico, gosto de debater, questionar, discutir e opinar. Vivo tentando entender os porquês, minhas dúvidas e perguntas mesmo se eu vivesse cem anos não teriam fim. Às vezes deixo-me levar pela insegurança, pelo medo e por constantes crises de existência e inferioridade, no entanto diante das dificuldades não me deixo abalar e sempre procuro dar a volta por cima dos problemas. Acredito intensamente no inatismo e não vejo outra maneira de compreender algumas situações sem ser por essa teoria.  Sou inconformado com o sistema, com a sociedade alienada e conformada às imposições, com os políticos corruptos, com as hipocrisias e com as impunidades, principalmente as brasileiras que considero as mais absurdas. Corro das formalidades e dos clichês, não gosto das modinhas e das febres momentâneas, também tenho aversão à televisão, que para mim é apenas um equipamento eletrônico que serve para projetar os conteúdos dos DVDs, dos VHS e dos Blue Rays, não assisto praticamente nada, salvo esporadicamente algum documentário ou programa jornalístico. Abomino pessoas preconceituosas e racistas, que não respeitam os mais velhos, as opiniões contrárias, as indiferenças e que se julgam superiores. Também procuro me afastar (assim como todo o mundo, creio eu) das pessoas invejosas, frívolas, falsas e mal educadas.

Meu filme preferido

5 – Amor;

Encontrei minha metade a cerca de dois anos atrás, hoje sou realizado e vivo completamente aquilo que sempre busquei sem sucesso em um passado repleto de ilusões e desilusões. Confesso ser ciumento ao extremo sendo capaz de criar situações e de acreditar veemente nelas. Nesse campo estou feliz como nunca fui anteriormente.

6 – Música;

Sou bem eclético, gosto de tudo um pouco, obviamente que com algumas exceções. No passado, enquanto adolescente ouvi muito Heavy Metal e confesso que atualmente ainda tenho umas “recaídas”, gosto muito de Iron Maiden, Helloween, Angra, AC/DC, Led Zeppelin, Pink Floyd, etc. Na verdade tenho diferentes fases, as vezes fico ouvindo um cd de Rock por semanas e em seguida troco por um de MPB, em outro momento me pego ouvindo música eletrônica, Psy, House e Tecno. As músicas românticas dos anos 80 e o sertanejo romântico dos anos 90 (Zezé di Camargo e Luciano, Chitão e Xororó, João Paulo e Daniel, Christian e Ralf) também estão entre minhas preferidas. Adoro ouvir também trilhas sonoras de filmes, clássicos ou atuais, principalmente nos momentos que estou escrevendo ou postando em meu Blog.

7 – Medos e Sonhos;

Como qualquer mortal, temo a morte, porém não a minha, mas sim das pessoas que amo e convivo. Tenho medo da solidão, das tragédias, e das fortes decepções. Tenho medo do fracasso profissional, das situações difíceis, e de perder as esperanças, que acredito eu, é o que nos move. Assim como todo mundo, sonho com a permanente paz, tranqüilidade e saúde da minha família, e de todos os demais que amo. Sonho com um teto e com uma instável condição de sobrevivência até a chegada dos dias findos. Sonho com o sucesso profissional, sonho conhecer o Egito e sonho um dia ver o Brasil que tanto amo, livre das garras de líderes incompetentes e corruptos. Por fim, sonho ser todos os dias, simplesmente feliz!

Recentemente, reunido com alguns de meus melhores amigos

Enfim, estas foram as sete “coisas” que julguei ser importantes trazer a vocês . 
Espero que tenham gostado.

Até o próximo Post!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Freud - Além da Alma" (1962)

(Freud - The Secret Passion) De: John Huston, Com Montgomery Clift, Suzannah York, Larry Parks, Susan Kohner, Fernand Ledoux, David McCallum, USA – Drama - P&B - Universal – 1962.

O renomado diretor americano John Huston, famoso por dirigir obras primas como O Falcão Maltês (1941), O Tesouro de Sierra Madre (1946) e Uma Aventura na África (1951), desde 1958 planejava levar as telas um filme sobre a vida do psicanalista austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Em 1961, após encerrar seu trabalho em Os Desajustados na MGM, Huston finalmente decide iniciar seu projeto junto aos estúdios Universal, solicitando a Jean Paul Sartre o roteiro para Freud – The Secret Passion. Como desejava filmar apenas a entrada de Freud na psicanálise, Huston sugere diversos cortes no enorme roteiro apresentado por Sartre, que segundo consta, caso fosse filmado teria mais de cinco horas de duração. O roteirista por sua vez ficou enfurecido com o pedido do diretor e preferiu se desligar do projeto sendo substituído por Charles Kaufman e Wolfgang Reinhardt, que merecidamente foram indicados ao Oscar naquele ano. Juntos, Kaufman, Reinhardt e Huston realizam uma obra tensa, poderosa e intrigante sobre o pai da psicanálise. 


Montgomery Clift é Sigmund Freud

O filme se inicia com a profunda narração do diretor: Desde a antiguidade houve três grandes mudanças na ideia do homem sobre si mesmo. “Três grandes golpes afetaram nossa vaidade, antes de Copérnico acreditávamos ser o centro do universo, que todos os corpos celestes giravam ao nosso redor, mas o grande astrônomo derrubou esse conceito e fomos forçados a admitir que nosso planeta é apenas um dentre os muitos que giram ao redor do sol, e que há outros sistemas além do nosso em incontáveis mundos. Antes de Charles Darwin o homem acreditava ser uma espécie única completamente separada do reino animal. Mas o grande biólogo nos fez ver que nosso organismo físico é o produto de um vasto processo evolutivo cujo as leis em nada diferem daquelas dos animais. Antes de Sigmund Freud o homem acreditava que o que dizia e fazia era um produto de sua vontade consciente, mas o grande psicólogo demonstrou a existência de outra parte de nossas mentes que funciona no mais obscuro segredo e que pode até comandar nossas vidas. Esta é a história da entrada de Freud numa região tão escura quanto o próprio inferno, o inconsciente humano, e de como ele o iluminou”. 

Dr. Breuer e Dr. Freud discutem sobre as críticas recebidas

É essa outra parte de nossas mentes, tão escura quanto o inferno e capaz até de comandar nossas vidas, que faz Freud se aprofundar e buscar respostas na psicanálise e na hipnose a partir dos estudos elaborados pelo Dr.Charcot (Ledoux) em Paris no ano de 1895. A princípio, Freud sofre muitas criticas quando passa a divulgar suas teses acerca do tratamento da histeria e demais doenças neurológicas. Nenhum médico, salvo Dr. Joseph Breuer (Parks), aceita suas teorias a base da hipnose e do inconsciente, julgando-o mais doente que seus próprios pacientes. Porém, junto com Breuer, Freud passa a desenvolver cada vez mais estudos e teorias a cerca da sexualidade infantil, desejos reprimidos, complexo de Édipo, interpretação de sonhos etc. O filme, apesar de ser baseado em fatos reais, não é um documentário, portanto, mistura veracidade com ficção, como acontece nos casos apresentados da jovem Cecily Koertner (York) que possui um grave caso de perturbação histérica e acaba se tornando objeto de estudo de Breuer e Freud e o jovem Carl Von Schlossen (McCallum) que possui um desvio inconsciente de desejo pela mãe. Esses casos na verdade são junções de outros pacientes que tanto Fred quanto Breuer possuíam. Em suma, John Huston tinha por objetivo, levando esse filme as telas, mostrar o quanto Freud era profissional e dedicado em sua área, mudando conceitos e criando outros, como a própria psicanálise, que nunca havia sido usado anteriormente. Tendo recebido boas criticas em seu lançamento, o filme fez sucesso e hoje (apesar de raro) vem sendo usado constantemente por acadêmicos e estudiosos da psicologia.

✩✩✩

Os discípulos de Dr. Charcot
Freud com sua fiel esposa Martha
Freud com sua paciente e objeto de estudo Cecily
Freud "investigando" uma mente
Em suas constantes crises interiores Freud é amparado pelo amigo Breuer
Clift e Kohner em foto publicitária do filme
Montgomery Clift; ótimo como Dr. Freud 
O verdadeiro Dr. Sigmund Freud
Cartaz original do filme

sábado, 6 de outubro de 2012

"Os Brutos Também Amam" (1953)

(Shane) De: George Stevens, Com Alan Ladd, Jean Arthur, Van Heflin, Brandon De Wilde, Jack Palance, Ben Johnson, Elisha Cook Jr, Emile Meyer, EUA - Faroeste - Cor - Paramount - 1953. 

O Diretor americano George Stevens (1904-1975), começou cedo sua carreira no meio artístico. Filho de um casal de atores, com dezessete anos conseguiu seu primeiro emprego como assistente de fotografia em Hollywood. Mais tarde após ser promovido, passou a trabalhar como cameraman nos curtas de Stan Laurel e Oliver Hardy até dirigir seu primeiro longa-metragem, The Cohens and Kellys in Trouble em 1933. Nos anos seguintes, George Stevens sob contrato com a RKO, dirigiu mais de onze filmes bem sucedidos, entre eles; A Mulher que Soube Amar (1935), Ritmo Louco (1936), e Gunga Din (1939). Na década seguinte, após assistir o documentário nazista O Triunfo da Vontade de Leni Riefenstahl, George Stevens decide se alistar no exército americano, onde passou a atuar como operador de câmera, registrando na Europa episódios históricos da segunda guerra mundial como o desembarque de soldados americanos em Normandia e a retirada de Judeus em campos de concentrações. Com o fim dos conflitos, George Stevens retorna à Hollywood e em parceria com William Wyler e Frank Capra fundam a Liberty Films, produtora independente que permaneceu na ativa até 1951 quando foi comprada pela Paramount. Nesse momento, o próprio Stevens passa a fazer parte da equipe Paramount, realizando duas de suas principais obras; Um Lugar ao Sol (1951), e Os Brutos Também Amam (1953). 

Alan Ladd é Shane

Os anos 50, que podem ser considerados os melhores da carreira de George Stevens, foram marcados ainda por seus dois prêmios Oscar de melhor direção (1951 e 1956) e pelo sucesso dos épicos Assim Caminha a Humanidade (1956) e O Diário de Anne Frank (1959). A história de Os Brutos também amam nasceu em 1949 com a publicação da novela Western Shane de Jack Schaefer. O grande sucesso do livro chamou a atenção de Stevens, que até então nunca havia realizado um faroeste sequer. No entanto, diante do estrondoso sucesso de Um Lugar ao Sol o premiado diretor tinha carta branca no estúdio para realizar o projeto que desejasse. Desta forma, ao lado dos produtores executivos Ivan Moffat e Fred Guiol, George Stevens, que detinha os direitos sobre a obra de Schaefer, decide levá-la as telas com grande ostentação e magnificência. 


Brandon De Wilde é Joey Starrett

A princípio, o elenco principal seria formado, a pedido do próprio diretor, por William Holden, Katharine Hepburn e Montgomery Clift, no entanto, os três se negaram a participar da produção. A Paramount que dispunha de uma vasta lista de artistas contratados sugeriu alguns nomes disponíveis ao diretor que imediatamente escalou; o ótimo Van Heflin (O Tempo Não Apaga, Os Três Mosqueteiros), a estrela de outrora que há cinco anos não participava de um filme Jean Arthur (Do Mundo Nada Se Leva, O Galante Mr. Deeds) e o astro dos filmes policiais Alan Ladd (Alma Torturada, A Chave de Vidro). Outros importantíssimos nomes do elenco foram, o ator mirim Brandon De Wilde, que vinha de um retumbante sucesso nos palcos da Broadway e o eterno vilão mal encarado “Walter” Jack Palance. Magistralmente fotografado por Loyal Griggs (Natal Branco, Os Dez Mandamentos) as gélidas montanhas Grand Teton de Jackson Hole, no Wyoming nunca haviam sido levadas a tela de forma tão espetacular. Griggs merecidamente venceu o único Oscar de Shane por seu excelente trabalho. Edith Head (figurinista) e Victor Young (Trilha Sonora) também colaboraram notavelmente com a construção desse poderoso filme que, sem exagero algum afirmamos, já nasceu clássico!   


Shane e os Starrett

Shane (Ladd) é um cavaleiro errante que encontra abrigo no rancho de Joe Starrett (Heflin) um colono que vive junto com a esposa Marian (Arthur) e o pequeno filho Joey (De Wilde) em uma fazenda no Wyoming. A região que antes servia somente para a criação de gado é agora terrivelmente disputada entre os colonos e os poderosos boiadeiros que não os aceitam ali. No entanto, após a chegada de Shane, que traz consigo vestígios de um passado duvidoso, os colonos organizam-se e decidem enfrentar, frente a frente seus inimigos, principalmente o temido pistoleiro Jack Wilson (Palance) que a mando do líder dos boiadeiros, Ryker (Meyer), chega ao vale com a missão de exterminar Starrett e todos os outros colonos “rebeldes”. Indiscutivelmente um dos melhores faroestes do cinema, clássico e comovente o filme não envelheceu, sendo recomendado a todos os públicos. A Interpretação de De Wilde, que fora indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante é um dos pontos altos do filme, que ainda volto a dizer, conta com a excelente direção de Stevens e a comovente trilha de Young. Repetindo as sábias palavras de um crítico; Os Brutos Também Amam é apenas um faroeste, assim como Romeu e Julieta é apenas uma história de amor. Enfim, não é preciso dizer mais nada.

✩✩✩✩✩ 

Joey Tímido, recepciona o cavaleiro errante
Ryker com seus capangas visitam Joe Starrett
Shane encontra o encrenqueiro cowboy Chris 
O pequeno Joey tomando aulas de tiro ao alvo
O temido Jack Wilson chega ao Grafton´s 
E mais tarde mostra a que veio
Shane cumpre sua missão e vai, deixando Joey esfacelado 
O astro Alan Ladd nos anos 1940
Bela, Jean Arthur reinou nos anos 1930, principalmente nos filmes de Frank Capra

Foto publicitária de Shane
Cartaz original do filme

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