segunda-feira, 26 de março de 2012

"Hondo - Caminhos Ásperos" (1953)

(Hondo) De John Farrow, Com John Wayne, Geraldine Page, Ward Bond, Lee Aaker, Michael Pate, James Arness, EUA - Faroeste - Cor - Warner - 1953. 

Depois de três anos sem estrelar um faroeste, (o último foi Rio Grande em 1950) John Wayne que sem dúvidas se tornou na história do cinema o maior estereótipo do Cowboy americano, retorna às telas em uma produção arrebatadora: Hondo - Caminhos ÁsperosDirigido pelo fraco John Farrow (mais lembrado por seu trabalho de roteirista em A Volta ao Mundo em 80 Dias, e por ser pai da atriz Mia Farrow) o filme só obteve seu merecido reconhecimento anos após seu lançamento. A pedra no sapato desse e de todos os outros faroestes lançados em 1953 se chamava Os Brutos Também Amam de George Stevens, que encantou o público e a critica do mundo todo ofuscando completamente o brilho dos demais. Nem mesmo os efeitos em 3D foram suficientes para levantar a bilheteria desse que visto hoje é sem dúvidas um dos maiores filmes de Wayne. Com características completamente idênticas as de Shane, o filme de John Farrow nos traz a história de Hondo (Wayne) um pistoleiro que encontra ajuda e abrigo no rancho de Angie Lowe (Page) uma bela mulher que vive unicamente na companhia do pequeno filho no deserto do Novo México. Após perceber que Angie corre perigo habitando em terras indígenas Hondo decide protegê-la diante dos temíveis Apaches. O Filme tem uma fotografia belíssima, além de uma trilha sonora digna de nota. Algumas sequências, principalmente as próximas do final, foram dirigidas pelo mestre John Ford quando Farrow teve que se apresentar em outro projeto. Apesar de ter menos de noventa minutos de duração o filme apresenta um intervalo, o que era muito comum nos épicos e também em produções realizadas em terceira dimensão, na época eram usados dois projetores para causar o determinado efeito, e o intervalo, independente da metragem do filme, era necessário para a devida troca dos rolos. Apesar de tanto trabalho o filme foi pouco rodado em 3D e grande parte do público o assistiu sem os incríveis efeitos. Completamente indicado aos amantes dos westerns, o filme é sem dúvidas um grande espetáculo, ainda mais depois de sua recente remasterização onde nos é apresentado com as cores do processo WarnerColor ainda mais vivas e brilhantes. Entretenimento certo.

✩✩✩

Toda a magnitude do filme já é apresentada em seus créditos
Hondo Lane se aproxima do rancho de Angie Lowe
Que logo recebe a indesejável visita dos índios Apaches
O Líder Apache Vittorio
Ao retornar a cidade Hondo surpreende os amigos
Mais tarde acaba sendo surpreendido em uma emboscada
Hondo confessa a Angie o triste destino de seu esposo
Hondo e o pequeno Johnny, uma relação paternal
Hondo decide contar ao garoto o triste fim de seu pai
A Cavalaria alerta sobre a disputa territorial contra os Apaches e pede retirada
O Cowboy dos cowboys, John Wayne astro absoluto em Hollywood
Cartaz original do filme

quarta-feira, 21 de março de 2012

"A Trágica Existência de Susan Hayward"

Há exatos 37 anos Hollywood perdia parte de seu brilho, morria Susan Hayward

Natural de Nova York, Susan Hayward é considerada uma das atrizes mais bonitas e talentosas de Hollywood. Porém alcançar o estrelato não foi fácil e Susan lutou arduamente para vencer no cinema. Em 1935, após realizar alguns testes sem sucesso na Broadway, Edythe Marrenner (seu nome verdadeiro) decidiu se tornar modelo. Em 1937 após ter suas fotografias publicadas no Saturday Evening Post foi convidada por David O. Selznick para realizar um teste para seu mais novo filme; E o Vento Levou. O papel em questão, era o de Scarlett O´Hara, que como todos sabem foi designado a Vivien Leigh. William A. Wellman que também estava em busca de uma jovem estrela se encantou com a beleza estonteante da modelo e lhe deu o papel de Isobel Rivers na aventura Beau Geste, estrelado por Gary Cooper. O ano era 1939 e Susan Hayward estreava nas telas, mas sua consagração como atriz estaria ainda muito longe de acontecer.

Susan Hayward uma das atrizes mais bonitas e talentosas de Hollywood
De modelo...
à Atriz.

Sua primeira indicação ao Oscar ocorreu em 1947 pelo filme Desespero, porém nesse ano venceu Loretta Young por sua performance em Ambiciosa. Em 1949, sua segunda indicação viria pelo melodrama Meu Maior Amor, todavia, Olivia DeHavilland, que brilhara em Tarde Demais, naquele ano tirou novamente a chance de vitória de Hayward. O mesmo ocorreu em 1952 com Meu Coração canta e em 1955 com Eu Chorarei Amanhã, onde ela perdeu para Shirley Bothe e Ana Magnani respectivamente. Além da decepção profissional que estava vivendo, Susan Hayward em meados de 1955 sofria grandes desilusões com seu ex-marido, o ator secundário Jess Barker. Em 1953 após uma discussão onde sofrera diversas agressões físicas, Hayward é lançada por Barker dentro da piscina onde este tenta a todo custo afogá-la, o motivo? Ele desejava um novo cadilac. A ruiva após o escândalo decide pedir o divórcio.


Cena de "Eu Chorarei Amanhã"
Hayward com o 1º esposo Jess Barker e filhos


Na ocasião, todos os jornais sensacionalistas publicavam matérias sobre a difícil convivência da atriz com o ator de outrora. Segundo a imprensa, Jess Barker não aceitava ver a esposa vencer na indústria cinematográfica enquanto ele sucumbia diante dos constantes fracassos. Mesmo depois do divórcio, Susan vivia recebendo as indesejáveis visitas do ex-marido, que se negava a trabalhar em outras áreas e vivia buscando algum dinheiro, sempre com o pretexto de visitar seus filhos, os gêmeos Gregory e Timothy, que na ocasião tinham dez anos. Mediante essa situação e a beira de um colapso, Susan Hayward não suportando mais viver daquela maneira decide por um fim em sua triste vida ingerindo dois vidros de seconal. Sua mãe Ellen Marrenner após receber uma estranha ligação da filha, como se essa estivesse se despedindo, decide avisar aos policiais. Esses ao arrombarem a porta da mansão da atriz já a encontra inconsciente jogada no chão. Por sorte, e graças à mãe, é socorrida a tempo, escapando da morte. 


E o 2º esposo Eaton Chalkley

Após esse lamentável episódio Susan Hayward decide internar os filhos em um colégio militar e desiludida desaparece completamente do cenário social e das telas. Os boatos a seu respeito passam a se tornar cada vez mais negativos e rumores sobre alcoolismo e promiscuidade são constantes. No entanto, dois anos depois, mas precisamente no dia 08 de fevereiro de 1957 Susan se casa com o advogado Eaton Chalkley da Geórgia e se muda definitivamente para lá levando consigo seus dois filhos. Um dia, e já livre da prisão, (onde se encontrara por ter atirado no amante de sua esposa, a então atriz Joan Bennett) o produtor Walter Wanger vai até a casa de Hayward levando até ela o roteiro de seu novo filme, o drama real sobre a vida de Barbara Graham, Quero ViverComo conhecia o produtor desde os tempos em que (e por intermédio dele) realizou seus primeiros testes em Hollywood, Susan Hayward decide voltar a Hollywood e dessa vez para interpretar uma prostituta condenada a câmera de gás por assassinato. A medida que lia o roteiro Susan ia se apaixonando cada vez mais por seu personagem, dando a ele toda força e veracidade possível. O resultado disso foi mais uma indicação ao Oscar, só que dessa vez com um desfecho bem diferente das anteriores. A noite de 06 de abril de 1959 foi mais que especial e Susan Hayward finalmente, dando a volta por cima, vence o prêmio de melhor atriz.


Como Barbara Graham, Hayward tem seu melhor desempenho (Quero Viver de Robert Wise)
Melhor atriz de 1958

Todavia nem tudo eram flores, e a felicidade de Susan não duraria tanto tempo como ela merecia. Em 1966 enquanto filmava na Itália o filme Charada em Veneza a atriz se vê desesperada quando recebe a noticia que seu esposo falecera de cirrose aguda em decorrência de uma hepatite. Terminadas as gravações e com o psicológico completamente abalado, Susan segue diretamente para um sanatório onde permanece por algum tempo. Em 1973 após meses sentindo fortes dores de cabeça é diagnosticada com um câncer cerebral inoperável. Ironia do destino ou não, dez anos antes Hayward havia interpretado uma moça rica e desenganada com um tumor cerebral em Horas Perdidas, a segunda versão do melodrama Vitória Amarga (1939). Em 1974 mesmo doente, participou ainda da cerimônia do Oscar e estava deslumbrante, a imprensa e os amigos chegaram a cogitar a hipótese de uma possível cura. Mas de fato isso não aconteceu e o destino mais uma vez foi cruel com aquela mulher forte batalhadora e por diversas vezes injustiçada. Susan Hayward morre na fria noite de 14 de março de 1975 aos 57 anos.


Susan Hayward (1917-1975)

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Amor Sublime Amor" (1961)

(West Side Story) De: Robert Wise e Jerome Robbins Com: Natalie Wood, Richard Beymer, Russ Tamblyn, Rita Moreno, George Chakiris, EUA -  Musical - Cor - MGM - 1961.

Na Zona Oeste de Nova York duas gangues rivais de adolescentes disputam o território, são esses os Jets, brancos e americanos que de forma alguma aceitam os hispânicos vindos de Porto Rico, Sharks. Certa noite quando as duas gangues encontram-se no mesmo baile, Tony (Beymer) o ex líder dos Jets conhece e se apaixona perdidamente por Maria (Wood) a irmã protegida do atual líder dos Sharks Bernardo (Chakiris). Baseado na celebre peça de Arthur Laurents, West Side Story repetiu nas telas o mesmo sucesso que alcançara nos palcos da Broadway quatro anos antes. A adaptação da tragédia de William Shakespeare Romeu e Julieta ambientada na atualidade e nas ruas pobres da cidade grande agradou críticos e público de todo o mundo. Vencera dez Oscar, entre eles o de melhor filme, trilha sonora, e atriz coadjuvante (Moreno). Robert Wise que vinha de grandes sucessos como O Dia em Que a Terra Parou (1951), Marcado Pela Sarjeta (1956) e Quero Viver (1958) acertara em cheio no gênero musical, levando seu primeiro prêmio de melhor diretor (fato que se repetiria quatro anos depois quando vencera com outro musical: A Noviça Rebelde). Amor Sublime Amor ocupa a segunda posição de melhor musical de todos os tempos segundo o AFI. Visto hoje as fortes combinações de romance, drama e música continuam a emocionar até aos que não são fãs do gênero. Imperdível. 

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Os Jets
Os Sharks
Os Jets e os Sharks
E suas constantes rixas 
O Baile
O Amor proibido de Tony e Maria
Maria celebra sua felicidade
Que não dura muito tempo
A Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante Rita Moreno 
Natalie Wood mais linda do que nunca
Cartaz original do filme

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Uma Rua Chamada Pecado" (1951)

(A Streetcar Named Desire) De: Elia Kazan, Com Marlon Brando, Vivien Leigh, Kim Hunter, Karl Malden, EUA – Drama - P&B - Warner Bros. - 1951.

Elia Kazan após receber o Oscar de melhor diretor em 1948 pelo filme A Luz é Para Todos  tornou-se um dos mais conceituados e admirados diretores de Hollywood. Responsável por enormes sucessos, Kazan era sinônimo de lucro garantido em todos os estúdios que passava, como em; Viva Zapata – Fox, Sindicato de Ladrões – Columbia, Vidas Amargas – Warner, etc. Em 1947, enquanto trabalhava em A Luz é Para Todos, Kazan estreava na Broadway uma das peças mais famosas de todos os tempos, “Um Bonde Chamado Desejo” do Dramaturgo americano Tennessee Williams (1911-1983). A Peça que ficou em cartaz até 1949 obteve enorme sucesso de público e critica, além do prêmio Pulitzer que é considerado o Oscar do teatro. Na Inglaterra, onde a peça foi levada aos palcos com outro elenco e sob a direção de Laurence Olivier, o sucesso também foi inevitável. Em 1950 após dirigir Pânico Nas Ruas na Fox, Elia Kazan com a certeza do sucesso decide levar às telas de maneira "quase" fidedigna a trama de Williams. Os direitos sob a peça, que haviam sido adquiridos por Jack Warner, fizeram de Uma Rua Chamada Pecado o filme mais aguardado da Warner Bros em 1951. 

Temperamentos a flor da pele

Sabendo que encontrariam problemas junto à censura da legião da decência, diversas mudanças tiveram que ser feitas para adequar StreetCar aos padrões da época. Tennessee Williams praticamente reescreveu grande parte do roteiro, sequências inteiras se quer foram filmadas, enquanto outras mesmo depois de concluídas, tiveram que ser modificadas. Apesar de tantas mudanças, para a legião o filme de Kazan continuava indecente e imoral, e mesmo tendo sido liberado, sua classificação era a máxima de censura. Com isso a igreja católica influenciava veemente seus seguidores a não irem aos cinemas assistir esses filmes “condenados”. Mesmo com tantas contribuições negativas, Uma Rua Chamada Pecado (uma das traduções de títulos mais absurdas da história) se tornou um dos maiores sucessos daquele ano. 

Blanche DuBois conhece o cunhado Stanley Kowalski

O Filme (e obviamente a peça) mostra a difícil convivência de Stanley Kowalski (Brando) com sua cunhada Blanche DuBois (Leigh) que após chegar na casa da irmã Stella (Hunter) transforma completamente a vida do casal. A Interpretação de Vivian Leigh foi digna do Oscar que recebeu assim como a de Karl Malden (preferido de Kazan em diversas produções). Marlon Brando que só havia feito nos cinemas Espíritos Indômitos (1950) ao lado de Teresa Wright, repete nas telas sua magistral e perfeita atuação do grosseiro e machista Stanley. Depois de Uma Rua Chamada Pecado o ator se consolidou como um dos maiores atores de Hollywood de todos os tempos. Das 12 indicações que o filme recebeu ao Oscar, venceu 4. Entendemos que naquele ano a disputa estava mais do que acirrada, entretanto é inaceitável para qualquer cinéfilo que o melhor filme tenha sido Sinfonia de ParisAtenção para a incrível trilha sonora de Alex North. Visto hoje Uma Rua Chamada Pecado continua intacto, pesado e marcante, seu ótimo e ambíguo roteiro dá classe e poder as perfeitas atuações que mesmo passados sessenta anos, ainda choca e emociona qualquer mortal que tem o privilégio de assisti-lo.

✩✩✩✩✩

 Surgem as desavenças 
O Temperamento de Kowalski surpreende até os amigos mais próximos
A paixão avassaladora de Stella
Blanche e Mitch
Stella e Stanley
Um aniversário "quase" perfeito
O "Rei" da casa impõe suas ordens
A Covardia de Stanley
Nasce o novo astro de Hollywood
Vivian Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter e Karl Malden
Cartaz original do filme
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