segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"Crepúsculo dos Deuses" (1950)

(Sunset Boulevard) De Billy Wilder, Com William Holden, Gloria Swanson, Erich Von Stroheim, Nancy Olsen, Jack Webb, Cecil B. De Mille, H.B Warner, Buster Keaton. EUA - Drama - P&B - Paramount - 1950.

O renomado diretor Billy Wilder (1906-2002), de origem polonesa e filho de judeus, mudou-se para os Estados Unidos em meados dos anos 1930 logo após perder os pais no campo de concentração de Auschwits, no auge da Segunda Guerra Mundial. Na América, Wilder facilmente encontra trabalho como roteirista e em parceria com Charles Brackett (1892-1969) realizam enormes sucessos, entre eles, os mega cultuados Ninotchka (1939) e Bola de Fogo (1941)A partir de 1942, Brackett decide produzir e Wilder dirigir seus próprios roteiros. Assim sendo,  em 1944 Wilder recebe a primeira indicação ao Oscar por seu excelente trabalho no noir Pacto de Sangue, no ano seguinte, com Farrapo Humano, a parceria vence nas principais categorias: direção, roteiro e filme. Em 1950 Charles Brackett e Billy Wilder realizam o último filme juntos: Crepúsculo dos Deuses.


"Eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos"

Crepúsculo dos Deuses traz ao público o submundo desconhecido repleto de interesses, desilusões e doentes paixões de uma Hollywood nunca antes levada às telas. Na trama (que é fictícia, mas muito se assemelha a realidade), Gloria Swanson “quase” interpreta a si própria. Norma Desmond (Swanson) é uma ultrapassada estrela do cinema mudo incapaz de aceitar o esquecimento, solitária, ela vive apenas com seu mordomo Max (Von Stroheim) em uma enorme mansão na Sunset Boulevard. Certo dia após ocasionalmente receber em sua casa o fracassado roteirista Joe Gillis (Holden), Norma pede a esse que revise o roteiro que ela mesma escrevera na intenção de retornar as telas. A idéia de Crepúsculo dos Deuses até então era inédita, Hollywood retratar de forma negativa a própria Hollywood. O Poderoso Darryl F. Zanuck, da Fox, ao assistir uma premiére do filme, fica furioso e critica veemente o diretor. Embora o enredo seja bem simples o filme tornou-se um enorme sucesso, agradou em cheio o público e os críticos. Antes de pensarem em Swanson, várias atrizes do cinema mudo foram convidadas para interpretar Norma Desmond, entre elas, Mae West e Mary Pickford, todavia, nenhuma delas aceitara o papel, pois achavam que ele seria prejudicial para as suas carreiras. Swanson, que estava afastada há muitos anos das telas, aceitou de imediato o papel e por fim, esse se tornou um dos mais importantes de toda sua carreira. Crepúsculo dos Deuses é hoje uma verdadeira obra prima, tornou-se um dos maiores clássicos americanos de todos os tempos e ocupa desde 2007 a 16º colocação entre os 100 melhores filmes pelo AFI. Obrigatório em qualquer coleção, é cinema de altíssimo nível, elegante, triste, cômico e perturbador.

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Norma Desmond e Joe Gillis
Ano novo solitário
O trio central de Crepúsculo dos Deuses
Erich Von Stroheim e William Holden em foto publicitária 
"Eu quero estar lá"
Três monstros do cinema: Billy Wilder, Gloria Swanson e Cecil B.De Mille
Swanson e Holden em foto publicitária  
Cena antológica de Crepúsculo dos Deuses
"Estou pronta para meu close-up Sr. De Mille"
Cartaz original do filme

sábado, 22 de outubro de 2011

"Psicose" (1960)

(Psycho) De Alfred Hitchcock, Com Anthony Perkins, Vera Miles, John Gavin, Martin Balsam, John McIntire, Janet Leigh, EUA - Suspense - P&B - Paramount - 1960.

Em 1960 o mestre do Suspense Alfred Hitchcock já estava a pelo menos vinte anos consagrado entre os melhores e mais respeitados diretores de Hollywood. Embora tenha sido indicado ao Oscar de Melhor Diretor já em seu primeiro filme produzido nos Estados Unidos; Rebecca (1940), Hitchcock nunca chegou a levar o prêmio, dessa maneira podemos afirmar que essa tenha sido uma das maiores entre tantas injustiças cometidas pela academia. Hitchcock ao longo dos anos construiu um verdadeiro legado de grandes filmes, grandes obras que mais tarde viriam a se tornar verdadeiras Obras Primas. O diretor ainda desfrutava do sucesso dos arrasa quarteirões Um Corpo Que Cai (1958) e Intriga Internacional (1959) quando decidiu levar às telas a obra de Robert Bloch: Psicose

O Mestre do suspense Alfred Hitchcock 

Sem dúvidas se trata de seu maior sucesso, é o filme que o torna lembrado e aclamado mesmo entre os desconhecedores do cinema antigo. Obra máxima do suspense Psicose se tornou um dos filmes mais copiados da historia do cinema. Produzido com baixíssimo orçamento - se comparado aos seus anteriores - Hitchcock realizava até então seu filme mais assustador. Sem Nenhuma das suas costumeiras doses de humor negro ou de romance, Psicose é do inicio ao fim um filme lúgubre, sério e repleto do melhor suspense já filmado. Na Trama Janet Leigh é Marion Crane a secretária de uma imobiliária que após roubar de seu chefe a quantia de 40 mil dólares foge na intenção de casar-se com o namorado Sam Loomis (Gavin). Durante a fuga em uma noite chuvosa resolve pernoitar no malfadado Motel Bates que é administrado pelo atormentado Norman Bates (Perkins). Misteriosamente Marion é assassinada durante o banho, (em umas das cenas mais antológicas do cinema regada com a mais assustadora e original trilha sonora) sua irmã Lila Crane (Miles) preocupada com seu sumiço contrata o detetive Arbogast (Balsam) que chega até o Motel e desencadeia a partir daí uma misteriosa, assustadora e envolvente busca. 


Norman Bates em sua misteriosa residência

O Filme teve ótima bilheteria e é hoje considerado entre os críticos como o melhor filme de Hitchcock. Foi ridiculamente refilmado por Gus Van Sant em 1998 em um ato de coragem e petulância, obviamente o remake se tornou um fracasso. O Maestro Bernard Herrmann que criou junto ao mestre do suspense uma das maiores parcerias do cinema, realiza aqui sua trilha sonora de maior sucesso, é certo afirmar que a música de Psicose é tão ou mais famosa que as de E o Vento Levou e Casablanca, - ambas do maestro Max Steiner -. Psicose se tornou um Cult Movie, esta entre os 100 maiores filmes da História Pelo American Film Institute (AFI). É entretenimento certo para os fãs do verdadeiro suspense e do bom horror.

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Marion e Sam o casal constrói planos para um futuro incerto
Escondendo seu crime ao ser abordada por um guarda rodoviário
Anthony Perkins é o atormentado Norman Bates
Uma das mais antológicas cenas do cinema
Marion Crane é brutalmente assassinada
Um dos maiores serial killers do cinema: Norman Bates
"Sra. Bates"
Cartaz original do filme

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"A General" (1927)

(The General) De Buster Keaton, Com Buster Keaton, Marion Mack, EUA - Comédia/Guerra - P&B - Mudo - United Arts -1927.

No Inicio da guerra civil americana o maquinista Johnny Gray (Keaton) se encontra duplamente apaixonado e suas paixões são; sua locomotiva General e sua garota Anabelle (Mack). A pedido de Anabele, Johnny entusiasmadamente se alista no exército para lutar em favor do sul, no entanto, para sua decepção, o exército não o aceita e ele é dispensado. A partir de então, a situação do pobre rapaz começa a mudar quando, após ter suas duas paixões sequestradas pelos espiões ianques ele desapontado e furioso inicia contra esses uma perseguição implacável, adentrando em território inimigo e descobrindo os planos dos mesmos. A General é uma superprodução do cinema mudo, aplaudido pelos críticos, o filme mistura guerra e comédia na medida certa. Keaton conseguia provar para o mundo que além de um grande ator, também era ótimo como diretor, deixando para trás a sua fama de ser à sombra de Chaplin. Embora ele relutasse contra esse titulo, realmente é impressionante a semelhança do trabalho dos dois. Visto hoje o filme continua tendo seu valor, não só histórico por enfatizar a guerra civil, mas também por ter entrado definitivamente na historia da sétima arte.


✩✩✩

Keaton é Johnny Gray
Que de todas as maneiras tenta alistar-se ao exército
Tentando resgatar a sua General
Enfrentando todas as situações, as vezes hilárias
Fugindo dos Ianques após resgatar suas duas paixões
Como herói ele é venerado
Buster Keaton e Marion Mack : Estrelas do filme
Cartaz original do filme

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Chaga de Fogo" (1951)

(Detective Story) De William Wyler, Com Kirk Douglas, Eleanor Parker, William Bendix, EUA - Policial /Noir - P&B - Paramount - 1951.


Baseado na famosa peça homônima de Sidney Kingsley, Chaga de Fogo aborda o dia a dia dentro de uma movimentada delegacia de policia de Nova York, local onde sucedem todos os tipos de situações, acontecimentos e revelações. A trama do filme (assim como na peça) se inicia após um criminoso, por um ato de vingança, trazer a tona um terrível segredo sobre o passado de Mary McLeod (Parker) esposa do rígido e integro detetive James McLeod (Douglas)Filme policial tipicamente dirigido ao público masculino, violento e preciso, tem um impressionante roteiro, que inclusive foi indicado ao Oscar. Claustrofóbico, o filme se passa inteiramente dentro de um único cenário: a delegacia. Apesar de William Wyler anteriormente já ter realizado grandes obras primas, como Jezebel (1938), A Rosa da Esperança (1942), Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946), e embora viesse regravar em 1959 uns dos filmes mais premiados do cinema: Ben-Hur, aqui ele realiza um filme menor, todavia, não menos poderoso que esses citados. Gênero que fazia muito sucesso no inicio dos anos 50, os filmes policiais eram muito prestigiados e esse, como não poderia deixar de ser, foi mais um entre os tantos outros arrasa quarteirões lançados pela Paramount em 1951. Vale a pena conferir!

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Parker e Douglas em foto publicitária 
Douglas é o integro e severo detetive James McLeod
O astro Kirk Douglas
McLeod arrasado ao descobrir o passado da esposa
Louco, um criminoso deseja vingança
Recebendo apoio dos amigos da delegacia
Eleonor Parker tem uma comovente interpretação
Cartaz original do filme

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Assim Caminha a Humanidade" (1956)

(Giant) De George Stevens, Com Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean, Mercedes McCambridge, Jane Withers, Chill Wills, Caroll Baker, Sal Mineo, Dennis Hopper, EUA - Épico Drama - Cor - Warner Bros. - 1956. 

O renomado diretor George Stevens já premiado com um Oscar em 1951 por sua magistral direção em “Um Lugar ao Sol” realizara em 1953 um dos mais encantadores faroestes de todos os tempos; “Os Brutos Também Amam”. Em 1955 Quando decide Levar às telas a adaptação do romance de Edna Ferber; “Gigante” ,Stevens completaria a formação do que viria a se tornar uma trilogia de grandes clássicos da década de 50. Os três filmes ao longo dos anos foram se tornando cada vez mais admirados, ocupando tranquilamente suas posições entre os 100 melhores filmes de todos os tempos.


Bick e Leslie recém casados

Assim Caminha a Humanidade retrata a saga da família Benedict a partir do casamento de Bick (Hudson) com Leslie (Taylor) no inicio dos anos 20. Bick é um multimilionário texano que vive na gigantesca fazenda Reata com a irmã Luz (Mc Cambridge) e diversos empregados, entre eles o áspero Jett Rink (Dean). Luz que não aprova o casamento do irmão, após falecer deixa como herança e gratidão um pequeno pedaço de terra a Jett que passa a chamar o local de “Pequena Reata”, ali ele encontra petróleo e torna-se milionário da noite para o dia acirrando ainda mais seu difícil relacionamento com Bick. Edna Ferber ao escrever sua obra nos mostra a riqueza, o orgulho, a exuberância e a excentricidade dos multimilionários texanos da primeira metade do século XX. O Personagem de Jett Rink foi inspirado na vida de Glenn McCarthy (1908-1988),imigrante irlandês que se tornou um dos principais petroleiros do Texas. O filme aborda claramente ainda o enorme preconceito racial existente na época. 


Leslie conhece Reata acompanhada do esposo Bick

A Revista americana Time em 1956 dizia que Assim Caminha a Humanidade era a mais legitima declaração contra a intolerância racial já mostrada em uma tela de cinema e elegeu o filme como sendo o melhor do ano. A academia de artes e ciências cinematográficas não concordou, pois naquele ano o vencedor do Oscar fora o musical “O Rei e Eu”. Apesar de o filme ter sido indicado em 10 categorias, levou apenas a de melhor direção. Tremendo sucesso o filme bateu recordes de bilheterias em todo o mundo. Alan Ladd era o preferido de Stevens para ser Jett Rink, mas o ator não aceitara e o papel acabou se tornando o último de James Dean que morrera três dias após o termino das filmagens. Com Perfeita trilha sonora de Dimitri Tiomkim e com cenas antológicas como a briga de Bick na lanchonete, o discurso de Jett Rink pra uma platéia vazia e a cena final com o close das duas crianças uma loura e outra mestiça Assim Caminha a Humanidade nos proporciona além de entretenimento um prazer incomparável e nostálgico. É Puro Cinema de qualidade, filme sem idade e indispensável em qualquer coleção. Uma Verdadeira Obra Prima.

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O áspero Jett Rink prefere a solidão  
Leslie, Bick e Jett 
Assustada com o que vê em Vientecito , Leslie passa a ajudar os imigrantes 
É indiscutível a habilidade de James Dean em roubar a cena com seu brilho
O casal Benedict observa as milhares cabeças de gado
Jett Rink comemora ao encontrar petróleo
O Discurso 
Rink fala para uma plateia vazia
O amor entre Bick e Leslie atravessa décadas
Foto dos bastidores
Cartaz original do filme
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