terça-feira, 31 de dezembro de 2013

"As Estrelas que se Apagaram em 2013"

O Ano de 2013 sem dúvidas foi um ano de tristes perdas no meio artístico cinematográfico e também televisivo, principalmente no Brasil, onde grandes nomes do cinema e da teledramaturgia saíram definitivamente de cena. Abaixo a homenagem de "O Cinema Antigo" a todas as estrelas que se apagaram em 2013; 


In Memoriam ...


Walmor Chagas
(28/08/1930 - 18/01/2013)



John Kerr
(15/11/1931 - 02/02/2013)



Sara Montiel 
(10/03/1928 - 08/04/2013)



Cleyde Yáconis
(14/11/1923 - 15/04/2013)



Deanna Durbin
(04/12/1921 - 20/04/2013)



Esther Williams 
(08/08/1921 - 06/06/2013)



Sebastião Vasconcelos 
(21/05/1927 - 15/07/2013)



Julie Harris
(02/12/1925 - 24/08/2013)



Cláudio Cavalcante
(24/02/1940 - 29/09/2013)



Giuliano Gemma
(02/09/1938 - 01/10/2013) 



Norma Bengell
(21/02/1935 - 09/10/2013)



Jorge Dória
(12/12/1920 - 06/11/2013)



Paul Walker
(12/09/1973 - 30/11/2013)



Eleanor Parker
(26/06/1922 - 09/12/2013)



Peter O´Toole
(02/08/1932 - 14/12/2013)



Joan Fontaine
(22/10/1917 - 15/12/2013)



R.I.P 

sábado, 5 de outubro de 2013

"Aconteceu Naquela Noite" (1934)

(It Happened One Night) De: Frank Capra, Com Clark Gable, Claudette Colbert, Walter Connolly, Rascoe Karns, Ward Bond, Jameson Thomas, EUA – Comédia Romântica – P&B – Columbia – 1934. 

Em toda a história do cinema, desde seus primórdios, os principais ingredientes responsáveis pelo sucesso de uma produção sempre foram; um bom roteiro, um bom diretor e um bom elenco. Além disso, outro fator que muito contribui com o êxito d´um filme são as parcerias, realizadas tanto entre a equipe técnica quanto entre os interpretes principais. Poderíamos citar como talvez as mais notórias parcerias do cinema, os trabalhos realizados entre; Alfred Hitchcock e Bernard Herrmann, John Ford e John Wayne, Judy Garland e Mickey Rooney, Errol Flynn e Olivia de Havilland, Dean Martin e Jerry Lewis, Steven Spielberg e John Williams e centenas de outros nomes que nos levaria a realizar um post especial sobre eles. Como esse, pelo menos no momento, não é nosso intuito, destacamos exclusivamente, entre essas parcerias de sucesso, o legado de obras primas deixadas pelo diretor Frank Capra (1897-1991) e pelo roteirista Robert Riskin (1897-1955). As primeiras produções realizadas pela dupla ocorreram no inicio da década de 30, mais especificamente em 1931 com o romance A Mulher Miraculosa e a comédia Loura e Sedutora, estreladas respectivamente por Barbara Stanwyck (1907-1990) e Jean Harlow (1911-1937). Nos anos seguintes, Loucura Americana (1932) e Dama Por Um Dia (1933) consolidaram a parceria que durou exatamente vinte anos e mais de dez filmes, entre eles os clássicos Órfãos da Tempestade (1951), Adorável Vagabundo (1941), Do Mundo Nada se Leva (1938), Horizonte Perdido (1937), O Galante Mr. Deeds (1936) e Aconteceu Naquela Noite (1934). 

Ellie Andrews e Peter Warne se esbarram no ônibus

Baseado no romance “Bus Night”, escrito em 1933 pelo jornalista Samuel Hopkins Adams (1871-1958), o filme Aconteceu Naquela Noite pode-se dizer é a maior comédia romântica de todos os tempos. Precursora das comédias Screwball, ou seja, comédias típicas dos anos que sucederam o período da grande depressão americana e que são caracterizadas pelo domínio do personagem feminino sobre o masculino, ritmo acelerado e situações burlescas, o filme de Frank Capra vem, ao longo dos anos, servindo de inspiração para diversos outros sucessos do gênero. Com uma trama bastante singela e repleta de situações corriqueiras, Aconteceu Naquela Noite é o típico, e cada vez mais escasso, tipo de filme que agrada todos os públicos, até mesmo aqueles que não estão habituados a assistirem filmes antigos. Em diversos momentos, ao longo da película, é impossível acreditar que tal produção data exatos oitenta anos. O excelente e ágil roteiro, somado a eximia direção de Capra e as irrepreensíveis interpretações de Gable e Colbert comprovam de fato porque o clássico da Columbia Pictures entrou para a história do cinema como o primeiro filme a receber da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, os cinco principais Oscar; melhor filme, diretor, roteiro, atriz e ator.  Tal feita, desde então, só se repetiu em 1975 com o drama Um Estranho no Ninho, e em 1990 com o suspense O Silencio dos Inocentes. 


Warne,  Ellie e um cochilo inesperado

Ellie Andrews (Colbert) é uma mimada socialite que foge dos cuidados do pai em Miami, para se casar contra a vontade desse em Nova York. Durante a fuga, em uma estação rodoviária, Ellie ocasionalmente toma o mesmo ônibus que o jornalista recém-demitido Peter Warne (Gable), que se torna seu companheiro de assento. A principio, a relação entre os dois é ríspida, uma vez que Warne insiste em provocar a beldade atrapalhada. No entanto, após descobrir através de um anuncio no jornal que Ellie esta sendo procurada pelo pai, Warne dotado de segundas intenções auxilia a moça em toda sua viagem no intuito de escrever uma matéria sobre ela e assim recuperar seu emprego. As peripécias que sucedem durante a viagem não poderiam ser mais hilárias. A antológica cena em que Warne ensina Ellie a pedir carona, além de engraçada é sem dúvidas um dos momentos mais célebres do cinema. Apesar de ser o bisavô de diversas comédias românticas, Aconteceu Naquela Noite nunca foi superado, seu brilho, mesmo tendo passado oitenta anos de seu lançamento, continua exatamente o mesmo, assim como todas as demais obras primas já realizadas.

✩✩✩✩✩


Ellie e sua frustrada tentativa de se mudar de assento 
Durante uma parada, Ellie tem sua bagagem roubada
Porém é auxiliada por Warne que lhe paga uma pernoite
Warne quebrando os paradigmas da mimada Ellie
As Muralhas de Jericó
Depois do ônibus quebrar Warne e Ellie recorrem as caronas
A aproximação de Ellie e Warne se torna cada vez maior
Até o momento que assumem seus verdadeiros sentimentos 
O Vencedor do Oscar Clark Gable
A Vencedora do Oscar Claudette Colbert
Cartaz original do filme

domingo, 25 de agosto de 2013

"Prisioneiro do Passado" (1947)

(Dark Passage) De: Delmer Davies, Com: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Bruce Bennett, Agnes Moorehead, Tom D´Andrea, EUA – Policial/Noir – P&B – Warner Bros. – 1947. 

Humphrey Bogart (1899-1957) ainda era casado com a ex-estrela do cinema mudo Mayo Methot (1904-1951) quando conheceu a jovem estreante Lauren Bacall (1924 - ) durante as gravações do excelente filme de Howard Hawks (1896-1977) “Uma Aventura na Martinica” (1944).  A atração entre os dois foi tão intensa que não demorou muito tempo até que o relacionamento entre eles se consolidasse. Em 1945, já divorciado, Bogart desposa Bacall, tornando a jovem atriz, vinte e cinco anos mais nova, na sua quarta e última esposa. A diferença de idade entre os dois, entretanto, de forma alguma prejudicou o enlace, que segundo o próprio Bogart, foi o que lhe fez mais feliz. Desse matrimonio nasceram, em 1949, Stephen Humphrey Bogart, e em 1952, Leslie Howard Bogart, que curiosamente apesar de ser uma menina, recebeu esse nome em homenagem ao ator e grande amigo de Boggie, Leslie Howard (1893-1943). A Warner Bros, aproveitando a forte química de Bogart-Bacall, em 1945 coloca-os juntos novamente em outro noir de Hawks, o aclamado “A Beira do Abismo”, sucesso que permanece hoje como um dos melhores suspenses de todos os tempos. Nos anos seguintes, mais dois excelentes noir seriam estrelados pelo casal; “Prisioneiro do Passado” em 1947 e “Paixões Em Fúria” em 1948. 

O Condenado Vincent Parry foge de San Quentin

Baseado na obra The Dark Road de David Goodis (1917-1967), Prisioneiro do Passado só foi filmado após a insistência de Bogart e do produtor Jerry Wald (1911-1962), esse que havia alcançado seu ápice após produzir enormes sucessos para a Warner, como “Dentro da Noite” (1940), “Destino Tóquio” (1943) e “Alma em Suplício” (1945). O romance, que fora publicado pela primeira vez em 1939, era considerado muito sombrio para ser levado as telas. O estúdio, apesar de atender ao pedido de Bogart e Wald, exigiu que diversas mudanças fossem feitas na trama, a começar pelo título, que passou a se chamar Dark Passage. Após o próprio Goodis terminar as alterações no script, a Warner escalou o roteirista/diretor Delmer Daves (1904-1977) para fazer a versão final do roteiro. Daves, que estava na Warner desde 1934, já havia comprovado sua eficiência como escritor nos sucessos “A Floresta Petrificada” (1936) e “Duas Vidas” (1939). Além do roteiro, Delmer Davies também foi o responsável pela marcante direção do filme, que contava ainda com a perfeita música de Franz Waxman (1906-1967) e com a inovadora fotografia de Sidney Hickox (1895-1982). 

Irene Jansen  sendo revistada pela policia

Com uma trama repleta de intrigas e mistério, Prisioneiro do Passado consegue prender a atenção do espectador do inicio ao fim; Condenado pelo assassinato da esposa, Vincent Parry (Bogart) foge da prisão de San Quentin em busca de provas que possam inocentá-lo. Durante a fuga, ele encontra Irene Jansen (Bacall), uma bela jovem que por acreditar piamente em sua inocência, lhe oferece abrigo e proteção.  Após receber os cuidados da moça, Parry segue sozinho seu caminho, no entanto, após poucos minutos na rua, é facilmente reconhecido pelo taxista Sam (D´Andrea), que ao invés de entrega-lo a policia, prefere ajudá-lo, levando-o a um cirurgião plástico que lhe transforma completamente o rosto, dando-lhe assim, plenas condições de ir em busca daquele que o incriminou. O filme, apesar de hoje ser considerado um dos grandes noir do cinema, foi um fracasso de bilheteria em seu lançamento. Parte desse insucesso se deve ao fato do envolvimento de Bogart e Bacall em um comitê que defendia os direitos dos artistas de Hollywood perseguidos pelo Macarthismo. Embora atualmente seja completamente intragável tal justificativa, naquele período, em que a ameaça comunista era vista nos Estados Unidos como um verdadeiro ataque de alienígenas, o simples fato desse envolvimento do novo casal do cinema, “defendendo” supostos comunistas, foi o suficiente para prejudicar o filme de Delmer Davis. Em suma, podemos dizer, Prisioneiro do Passado é um bom filme. Sua trama, apesar de ter envelhecido mal, continua agradando os fãs do cinema clássico e principalmente dos filmes noir. A inovadora fotografia de Hickox, que durante a metade do filme utilizou uma câmera portátil em primeira pessoa substituindo Vincent Parry antes da cirurgia, é hoje, somada a interpretação de Bogart, Bacall e Moorehead, o ponto alto da produção. 

✩✩✩

Parry é reconhecido pelo taxista Sam
Que o leva a um amigo cirurgião plástico
Após a cirurgia, Parry encontra seu único amigo morto
Recebendo os cuidados de Irene
Parry, Irene e um inevitável sentimento
Parry se torna novamente suspeito de Assassinato
Quando tenta novamente fugir, o Prisioneiro do Passado,
mesmo após a "mudança de rosto" é abordado por um policial
Parry buscando as únicas provas que podem inocentá-lo
Bogart/Bacall em foto publicitária
Bacall
Cartaz original do filme

sábado, 3 de agosto de 2013

"Espíritos Indômitos" (1950)

(The Men) De: Fred Zinnemann, Com: Teresa Wright, Marlon Brando, Everett Sloane, Jack Webb, Richard Erdman, Arthur Jurado, EUA -Drama - P&B - Republic/United Artists - 1950. 

No inicio da década de 1950 o nome Marlon Brando (1924-2004) ainda era completamente desconhecido para o público de Hollywood. Todavia, na Broadway, onde iniciou sua carreira profissional em 1947 com a magnificente peça de Tennesse Williams (1911-1983); Um Bonde Chamado Desejo, o ator já era estrela graças a sua excelente interpretação do polonês rústico e selvagem Stanley Kowalski. Diante do sucesso, Brando, que almejava iniciar sua carreira cinematográfica através de projetos sérios, ambiciosos e longe das típicas produções studio-system, recusou diversos convites para estrear nas telas até 1950, quando chegou até suas mãos o ótimo roteiro de Espíritos Indômitos, assinado por Carl Foreman (1914-1984). Foreman, que teve sua carreira fortemente abalada quando se tornou vítima da lista negra do Macarthismo, acabara de sair dos sucessos Êxito Fugaz (1950) e O Invencível (1949). A produção, realizada de forma independente e modesta, ficou a cargo de Stanley Kramer (1913-2001), cineasta responsável por grandes obras primas como Cyrano de Bergerac (1950) e Matar ou Morrer (1952). 

Ken Wilcheck, inconformado com seu diagnostico 

Dirigido com maestria por Fred Zinnemann (1907-1997), Espíritos Indômitos retrata as lutas e as dificuldades de reintegração e auto-aceitação de Ken Wilcheck (Brando), um jovem tenente que ficou paraplégico após ser atingido em combate durante a segunda guerra mundial.  Wilcheck, que a principio não se conforma com sua situação, é ríspido e agressivo com todos que o cercam no hospital especial de militares, inclusive sua sensível e apaixonada noiva Ellen (Wright) que mesmo contrariada, insiste no relacionamento de ambos.   O filme, em seus vinte minutos iniciais, se assemelha a um documentário sobre as condições de vida dos ex-combatentes feridos em conflitos bélicos, no entanto, com o desenvolvimento da trama, Zinnemann, sem pieguices e sem exagerar no corriqueiro melodrama, nos presenteia com um ótimo filme, marcado com as excelentes interpretações do estreante Brando e da sempre doce Wright. Os figurantes paralíticos que participaram da produção, em sua grande maioria, eram ex-soldados interpretando a si próprios, como foi o caso de Arthur Jurado (1923-1963), um aeronauta que se tornou paraplégico após cair com seu avião durante a segunda grande guerra. Em Espíritos Indômitos, Jurado rouba a cena como Angel “Tarzan”, assim como o coadjuvante Jack Webb (1920-1982), como o capitão e presidente do V.P.A (Veteranos Paralíticos da America) Norman Butler. Visto hoje, o filme de Kramer, Foreman e Zinnemann continua a passar credibilidade com seu contexto atemporal e sua mensagem positiva de superação; além disso, o mesmo resiste muito bem ao tempo pelo fato de ser o primeiro, daquele que é considerado o melhor ator de todos os tempos. 

✩✩✩


 Wilcheck  preferindo a solidão se torna cada vez mais ríspido
Ignorando e ...
Agredindo os parceiros do hospital.
Wilcheck encontrando conforto nos braços de sua noiva Ellen
Apoiando-se na futura esposa, Wilcheck diz sim
A conturbada lua de mel
Wilcheck e Ellen, amor acima das circunstâncias 
O Tenente Ken "Bud" Wilcheck e sua dedicada esposa Ellen
Teresa Wright em foto publicitária
Marlon Brando, o novo astro de Hollywood!
Cartaz original do filme
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...