domingo, 25 de agosto de 2013

"Prisioneiro do Passado" (1947)

(Dark Passage) De: Delmer Davies, Com: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Bruce Bennett, Agnes Moorehead, Tom D´Andrea, EUA – Policial/Noir – P&B – Warner Bros. – 1947. 

Humphrey Bogart (1899-1957) ainda era casado com a ex-estrela do cinema mudo Mayo Methot (1904-1951) quando conheceu a jovem estreante Lauren Bacall (1924 - ) durante as gravações do excelente filme de Howard Hawks (1896-1977) “Uma Aventura na Martinica” (1944).  A atração entre os dois foi tão intensa que não demorou muito tempo até que o relacionamento entre eles se consolidasse. Em 1945, já divorciado, Bogart desposa Bacall, tornando a jovem atriz, vinte e cinco anos mais nova, na sua quarta e última esposa. A diferença de idade entre os dois, entretanto, de forma alguma prejudicou o enlace, que segundo o próprio Bogart, foi o que lhe fez mais feliz. Desse matrimonio nasceram, em 1949, Stephen Humphrey Bogart, e em 1952, Leslie Howard Bogart, que curiosamente apesar de ser uma menina, recebeu esse nome em homenagem ao ator e grande amigo de Boggie, Leslie Howard (1893-1943). A Warner Bros, aproveitando a forte química de Bogart-Bacall, em 1945 coloca-os juntos novamente em outro noir de Hawks, o aclamado “A Beira do Abismo”, sucesso que permanece hoje como um dos melhores suspenses de todos os tempos. Nos anos seguintes, mais dois excelentes noir seriam estrelados pelo casal; “Prisioneiro do Passado” em 1947 e “Paixões Em Fúria” em 1948. 

O Condenado Vincent Parry foge de San Quentin

Baseado na obra The Dark Road de David Goodis (1917-1967), Prisioneiro do Passado só foi filmado após a insistência de Bogart e do produtor Jerry Wald (1911-1962), esse que havia alcançado seu ápice após produzir enormes sucessos para a Warner, como “Dentro da Noite” (1940), “Destino Tóquio” (1943) e “Alma em Suplício” (1945). O romance, que fora publicado pela primeira vez em 1939, era considerado muito sombrio para ser levado as telas. O estúdio, apesar de atender ao pedido de Bogart e Wald, exigiu que diversas mudanças fossem feitas na trama, a começar pelo título, que passou a se chamar Dark Passage. Após o próprio Goodis terminar as alterações no script, a Warner escalou o roteirista/diretor Delmer Daves (1904-1977) para fazer a versão final do roteiro. Daves, que estava na Warner desde 1934, já havia comprovado sua eficiência como escritor nos sucessos “A Floresta Petrificada” (1936) e “Duas Vidas” (1939). Além do roteiro, Delmer Davies também foi o responsável pela marcante direção do filme, que contava ainda com a perfeita música de Franz Waxman (1906-1967) e com a inovadora fotografia de Sidney Hickox (1895-1982). 

Irene Jansen  sendo revistada pela policia

Com uma trama repleta de intrigas e mistério, Prisioneiro do Passado consegue prender a atenção do espectador do inicio ao fim; Condenado pelo assassinato da esposa, Vincent Parry (Bogart) foge da prisão de San Quentin em busca de provas que possam inocentá-lo. Durante a fuga, ele encontra Irene Jansen (Bacall), uma bela jovem que por acreditar piamente em sua inocência, lhe oferece abrigo e proteção.  Após receber os cuidados da moça, Parry segue sozinho seu caminho, no entanto, após poucos minutos na rua, é facilmente reconhecido pelo taxista Sam (D´Andrea), que ao invés de entrega-lo a policia, prefere ajudá-lo, levando-o a um cirurgião plástico que lhe transforma completamente o rosto, dando-lhe assim, plenas condições de ir em busca daquele que o incriminou. O filme, apesar de hoje ser considerado um dos grandes noir do cinema, foi um fracasso de bilheteria em seu lançamento. Parte desse insucesso se deve ao fato do envolvimento de Bogart e Bacall em um comitê que defendia os direitos dos artistas de Hollywood perseguidos pelo Macarthismo. Embora atualmente seja completamente intragável tal justificativa, naquele período, em que a ameaça comunista era vista nos Estados Unidos como um verdadeiro ataque de alienígenas, o simples fato desse envolvimento do novo casal do cinema, “defendendo” supostos comunistas, foi o suficiente para prejudicar o filme de Delmer Davis. Em suma, podemos dizer, Prisioneiro do Passado é um bom filme. Sua trama, apesar de ter envelhecido mal, continua agradando os fãs do cinema clássico e principalmente dos filmes noir. A inovadora fotografia de Hickox, que durante a metade do filme utilizou uma câmera portátil em primeira pessoa substituindo Vincent Parry antes da cirurgia, é hoje, somada a interpretação de Bogart, Bacall e Moorehead, o ponto alto da produção. 

✩✩✩

Parry é reconhecido pelo taxista Sam
Que o leva a um amigo cirurgião plástico
Após a cirurgia, Parry encontra seu único amigo morto
Recebendo os cuidados de Irene
Parry, Irene e um inevitável sentimento
Parry se torna novamente suspeito de Assassinato
Quando tenta novamente fugir, o Prisioneiro do Passado,
mesmo após a "mudança de rosto" é abordado por um policial
Parry buscando as únicas provas que podem inocentá-lo
Bogart/Bacall em foto publicitária
Bacall
Cartaz original do filme

8 comentários :

  1. Adorei esta matéria tua, Jefferson que capricho, as fotos são belíssimas. Adorei... adorei... Ah... se fosse um livro eu compraria, rs
    Alías, como tudo em seu BLOG.
    Belo belo!!!

    Parabéns! :)

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  2. Esse eu ainda não vi, Jefferson. Mas vi o citado "À Beira do Abismo", realmente um ótimo filme noir, muito embora tenha uma trama bastante confusa. Sempre ótimo ver a química de Bogart e Bacall. Abraço!

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  3. Eu também não assisti este, mas gostei de "Paixões em Fúria".

    Abraço

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  4. Além de muito talentosos, os dois formam um belo casal. A química em todos os filmes é impressionante.
    Abraços!

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  5. Ola Jefferson,que bela postagem.Filme excelente com dois superstars do cinema mais antigo.Meu abraço.SU

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  6. E aí Jefferson? De madrugada navegando no seu blog!

    Eis um filme que me lembro muito pouco dentre todos os outros com o casal (meu predileto é "Uma Aventura na Martinica") Bogart e Bacall que tinham mais química na vida real do que na tela, mas não que isso fosse um problema, mas enfim, ela não era uma Bergman ou Katharine Hepburn, rs

    Precisaria rever. ótimo texto, condensou muito bem e adorei a seleção de fotos.

    Abs.

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  7. Ainda não tive a chance de ver esse filme, mas gosto bastante do Bogart e da Bacall; inclusive, me arrisco a dizer que foi um dos casais mais simpáticos e elegantes da época. De uns dias pra cá tenho andado meio sem tempo pros meus clássicos, mas em breve, continuarei com a 'maratona' HAHA este, certamente, estará na lista. Muito obrigada pelos comentários, e por nos trazer obras tão importantes do cinema.

    Abraços!

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  8. Olá, Jefferson
    Bogart e Bacall é sempre bom rever. Um dia ainda vou entender À Beira do Abismo... Gosto muito de Paixões em Fúria, sem Lauren Bacall, mas com Claire Trevor.
    Um abraço do Darci

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